Dissertação propõe nova perspectiva para receituário agronômico

A partir da perspectiva dos fiscais estaduais de defesa sanitária vegetal, o engenheiro agrônomo Luis Carlos Ribeiro, que possui vasta experiência na indústria de defensivos agrícolas, defendeu a dissertação “Receituário Agronômico – Relatos, Análises e Proposições”. O trabalho, orientado pelo professor da UFV Laércio Zambolim, propõe mudanças no sistema do receituário agronômico e defende que o engenheiro agrônomo tenha maior liberdade para exercer suas funções. Luis Carlos já atuou nas áreas de vendas e assistência técnica, desenvolvimento e registro de produtos. Atualmente, ele é gerente de assuntos regulatórios estaduais e municipais do SINDIVEG (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal) e concluiu o Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal neste ano.

 

Sobre a escolha do tema da sua dissertação, o engenheiro agrônomo destaca que “há uma série de trabalhos desenvolvidos sobre o assunto receituário agronômico, mas nunca tivemos uma visão direta, vinda de quem trabalha no dia-a-dia com o setor comercial e o agricultor, que é o fiscal estadual de defesa vegetal. Como há fiscais distribuídos por todos país, procuramos obter o posicionamento deles através da apresentação de um questionário. Procuramos colocar perguntas que englobassem informações antes da implementação do receituário e depois da implementação, visando comparar e propor adequações”.

Para ele, realizar esse trabalho “foi um desafio sensacional, muito trabalhoso, mas gratificante. Pudemos deixar claro que o sistema do Receituário Agronômico (RA) precisa ser revisto e revigorado. Gostaria de publicar esse trabalho para que o CREA e CONFEA possam se embasar e desenvolver um trabalho com o MAPA, para implementar o mais rapidamente possível as mudanças necessárias. O sistema está totalmente engessado, o engenheiro agrônomo precisa de maior liberdade para exercer suas funções. Não devemos temer que maus profissionais continuem a exercer erradamente o direito ao RA, o CREA está aí para puni-los e moralizar o sistema” – defende.

Difusão do conhecimento

Agrônomo formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro em 1985, Luis Carlos ingressou no Mestrado Profissional em 2016. Segundo ele, o tema defesa sanitária vegetal precisa ser mais discutido e difundido. Entusiasta dessa discussão e baseado num levantamento sobre a quantidade de novas pragas que existem na América Latina e que estão prestes a entrar no Brasil, Luis realizou sete eventos nacionais ligados à defesa vegetal, antes de ingressar no curso da UFV. “Fizemos um trabalho publicado em jornal de grande circulação alertando o país sobre o risco de entrada de novas pragas com a ocorrência da Copa do Mundo, Olimpíadas, shows de rock e turismo no Brasil. A matéria rodou o país inteiro e provocou um movimento no governo, aumentando o número de fiscais em portos, aeroportos e estradas. Conseguimos apreender uma série de objetos que poderiam causar a entrada de novos alvos biológicos no país. Com a realização dos sete eventos em 2014, 2015 e 2016, que comportou todas as regiões do país, vimos que no Brasil existem excelentes pesquisadores e professores que dominam o assunto, e devemos levar esse conhecimento para a sociedade. Então, conseguimos lançar o livro ‘Defesa Vegetal – Fundamentos, Ferramentas, Políticas e Perspectivas’, o qual tenho muito orgulho de ter participado da edição e possuir três capítulos no mesmo. Esse tema precisa ser difundido, estudado e compartilhado. Foi quando fiquei sabendo por amigos da intenção da Universidade Federal de Viçosa em promover este curso de mestrado”.

Crescimento constante

Luis Carlos concluiu o curso em 2017 e é assertivo ao destacar a contribuição do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV para a sua carreira: “Graças aos conhecimentos adquiridos, hoje represento as indústrias na Comissão Nacional de reavaliação da eficácia agronômica da ferrugem da soja e na Comissão Latino Americana para análise e tomadas de decisões referentes às estratégias que o governo brasileiro possa desenvolver com países vizinhos, visando conhecer os alvos biológicos que lá existem e que ainda não estão por aqui, e vice-versa. A avaliação de risco de pragas é de suma importância. Além de todo conhecimento de medidas preventivas e mitigadoras adquirido, o curso deixou aberto um crescimento constante, através de novos eventos e troca de experiências”.

A experiência no Mestrado Profissional foi tão positiva que Luis Carlos sempre o recomenda. Para ele, uma característica do curso que merece ser ressaltada é a participação de profissionais de todo o país, que trabalham em diferentes setores. “Este país é imenso, e essa mistura de regiões, pensamentos e conhecimentos enriquece todos, inclusive os professores. Essa participação transparente entre o setor governamental, seja federal ou estadual, o setor privado e a universidade, com ética e profissionalismo, só leva ao crescimento de todos”. Ele ainda acrescenta: “Com certeza nunca um curso será igual ao outro que acaba de encerrar, pois é tremendamente dinâmico e motivador. Eu sou um entusiasta e adoro recomendar este curso para quem puder cursar e torço para que cada vez mais, ele se consolide e cresça”.