Pesquisa desenvolvida no Mestrado Profissional resulta em depósito de patente no INPI
A pesquisa desenvolvida pela mestre em Defesa Sanitária Vegetal, Ana Paula Soares da Rocha, durante o Mestrado Profissional na UFV, resultou no depósito da patente “Composições ectoparasiticidas à base de Lithraea brasiliensis e uso”, no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Ana Paula defendeu a sua dissertação sobre avaliação do potencial carrapaticida de plantas neotropicais em julho de 2019, e no início deste ano, realizou o depósito da patente buscando desenvolver uma formulação comercial a base de Lithraea brasiliensis para controle de carrapatos de forma mais eficiente e mais segura. “A pesquisa realizada durante o mestrado nos mostrou que o extrato dessa planta é muito eficiente no controle de carrapatos resistentes aos carrapaticidas disponíveis no mercado”.
Ana Paula explica: “Agora, as nossas pesquisas focarão em verificar se a molécula que apresentou atividade é segura do ponto de vista ambiental, com estudos de impacto em organismos não-alvo como insetos benéficos, predadores, polinizadores e organismos aquáticos. Também analisaremos a segurança alimentar dessa molécula, pelo fato de que este produto será usado principalmente nos rebanhos bovinos, temos que assegurar que após o uso, não haverá resíduos na carne e no leite”.
A pesquisadora destaca que “na produção agropecuária, a busca por ferramentas mais seguras e eficientes é constante. A cada dia cresce a demanda por alimento, e sabemos que essa produção deve atender a sociedade não só em quantidade, mas também em qualidade e de forma sustentável. Os extratos botânicos têm se mostrado promissores porque muitas plantas são ricas em substâncias bioativas, que são biodegradáveis e apresentam baixa ou nenhuma toxicidade a mamíferos e outros organismos não-alvo. Assim, nosso estudo pode levar ao desenvolvimento de um novo produto para controle de carrapatos de forma mais eficiente e mais segura”.
Além disso, a pesquisadora enfatiza o fato de sua pesquisa está buscando desenvolver um produto originado de uma planta do Cerrado brasileiro. “Temos o privilégio de ter em nosso país, em seus diferentes biomas, uma flora rica em biodiversidade, não encontrada em nenhuma outra parte do mundo. Logo, o número de moléculas existentes que ainda não foram pesquisadas é muito grande. O incentivo e apoio às pesquisas relacionadas à nossa biodiversidade devem ser contínuos, pois os compostos químicos presentes na nossa flora, além de serem fontes de novas moléculas para o combate de pragas e doenças na agropecuária, também dão origem a compostos usados em áreas como medicina, farmácia, nutrição, dentre outras. Tudo isso reflete em melhorias na qualidade de vida da sociedade”.
Parceria multidisciplinar
Engenheira Agrônoma, professora de Química no curso de Engenharia Agronômica da Faculdade Cidade de João Pinheiro, na cidade de João Pinheiro (MG), e instrutora de formação profissional rural do Sistema FAEMG/Senar, onde ministra treinamentos de aplicação de defensivos, Ana Paula ingressou no Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV em agosto de 2017, onde construiu uma profícua parceria com outros pesquisadores.
Na UFV, ela contou com a orientação do professor Eugênio Eduardo de Oliveira, “que de prontidão abraçou a ideia” e a apresentou à pesquisadora Graziela Domingues de Almeida Lima. “Doutora em Biologia Celular e Estrutural e com grande conhecimento em bioquímica e farmacologia, o trabalho da Dra. Graziela foi essencial na condução dos bioensaios em organismos não-alvo e no tratamento e análise de dados; sendo também para mim, um exemplo de positividade e profissionalismo, o que me motivou muito durante todo o processo” – destaca.
Na UFMA (Universidade Federal do Maranhão), Ana Paula contou com a parceria da professora do Centro de Ciência e Tecnologia, Cláudia Quintino da Rocha. “Eu já conhecia o magnífico trabalho realizado pela professora Cláudia. Então, a convidei para ser minha coorientadora, gerando uma parceria entre a UFV e a UFMA. Ela é uma profissional renomada, com vasta experiência na área de Química de Produtos Naturais, atuando principalmente no isolamento, identificação de metabólitos secundários e avaliação farmacológica de extratos e compostos bioativos. Com o suporte de uma profissional com tamanha competência, nossos estudos químicos foram conduzidos de forma muito eficiente, fazendo com que conseguíssemos fazer toda a caracterização química do nosso extrato, além de descobrir qual era a molécula responsável pela bioatividade”.
Além do suporte na parte metodológica, Ana Paula acrescenta que a atuação das duas pesquisadoras, Graziela e Cláudia, “foram imprescindíveis em todo o processo de elaboração e acompanhamento dos tramites do depósito da patente”. Como Ana Paula resume: “este foi um trabalho desenvolvido por dois agrônomos, uma química e uma bióloga; que nos mostrou que a parceria entre profissionais de diferentes áreas gera resultados muito positivos para toda sociedade”.
Além da pesquisa voltada para o uso do extrato da Lithraea brasiliensis na agropecuária, as pesquisadoras pretendem avançar ainda mais nos experimentos: “Estamos testando esse extrato em células cancerosas. Os primeiros resultados já apontaram uma possível atividade em determinados tipos de células, portanto, mais pesquisas serão realizadas a fim de confirmar esses resultados”.