Mais informação e mais conhecimento no combate às sementes pirata
As sementes pirata fazem parte da rotina do fiscal de Defesa Agropecuária do Estado do Mato Grosso Rodrigo Vicenzi desde 2012, e não por acaso foi a elas que ele dedicou a maior parte de sua atenção em sua passagem pelo Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal, no período de 2018 a 2020. “O curso, pra mim que estou na área de Defesa Agropecuária, encaixou como uma luva. Tanto as disciplinas em sala de aula quanto o projeto de pesquisa desenvolvido, em uma área bastante crítica e bem atual, que seria nossa principal atividade de fiscalização no estado do Mato Grosso, foram de muito proveito.”
Em sua dissertação, sob orientação do professor Orlando Monteiro da Silva, Rodrigo fez uma análise do uso e da legislação em torno das sementes piratas de soja no estado do Mato Grosso – o maior produtor do grão do Brasil, com uma plantação de mais de 9 milhões de hectares. “A questão é que pelo menos um quarto das sementes de soja utilizadas são sementes não certificadas. Parte delas são reserva de uso próprio, e as demais, 11,2% segundo estimativas, são pirata”, diz Rodrigo, dando uma dimensão da relevância do tópico para o trabalho que ele exerce. “Nós aqui no Centro estamos vendo acontecer comércio de semente irregular em todo lugar, em todas as cidades, com vários produtores adquirindo, enquanto temos uma legislação bastante amarrada e engessada”, diz o agrônomo.
Ao final da dissertação, Rodrigo apresentou uma série de contribuições para promover o avanço desta legislação, como a adoção de medida cautelar e alteração nos valores das multas hoje aplicadas. “Na safra de 2017/2018, esses 11,2% de semente pirata representaram cerca de R$ 612 milhões que deixaram de ser movimentados pelos produtores de sementes e pela revenda, somente no Estado do Mato Grosso.”
Nova visão
“O curso me ajudou a estudar melhor, a trabalhar melhor, e entender melhor toda essa parte de legislação, não só a nossa legislação estadual, mas toda legislação federal, instrução normativa, e muitas outras que abrangem o tema”, conta Rodrigo, que ingressou no curso de Agronomia com apenas 16 anos, na Universidade Estadual de Santa Catarina. “Mas o mestrado é importante também porque nos coloca em contato com muita gente diferente de todo o Brasil, de várias áreas. Em várias ocasiões, isso ajuda até na tomada de decisões na nossa própria área de trabalho, à medida que vamos trocando ideias com profissionais de outras regiões do país que estão na mesma atividade. Ganhei muito em atualização, em conhecimento, em informação”.