Dissertação faz levantamento de barreiras não tarifárias, para soja e milho, entre 2000 e 2020
Quatro anos depois de se formar em agronomia pela Universidade Federal do Paraná, Chantal Baeumle Gabardo iniciou uma nova etapa da vida profissional, em São Paulo, trabalhando na Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC). Acostumada com a rotina de produção de soja, ela passou a lidar com conceitos novos, relacionados principalmente à qualidade de grãos e ao mercado internacional, e o desafio fez crescer a vontade de complementar sua formação. “Eu passei a ter bastante contato com muita coisa que eu não tinha visto na faculdade, fui tendo que aprender muita coisa, e comecei a procurar outras fontes de informação. Eu já tinha feito um MBA, na própria UFPR, mas eu queria algo mais consistente, e acabei optando pelo Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV.”
A história se desenvolveu de um jeito diferente do que Chantal esperava, já que a pandemia impediu as aulas presenciais e o convívio com os colegas, mas dois anos depois, ela concluiu o curso apresentando a dissertação “Barreiras não tarifárias às exportações: o caso da exportações de soja (grão, farelo e óleo) e milho do Brasil, nas últimas duas décadas”. O trabalho, orientado pelo professor Orlando Silva, traça um raio X das barreiras não-tarifárias (sanitárias e técnicas) incidentes sobre as exportações brasileiras de soja e milho, entre os anos de 2000 e 2020, detectando ainda quais as que mais impactaram nas exportações brasileiras desses produtos. Com essas informações, Chantal calculou, para cada produto selecionado, índices de “frequência” das barreiras não tarifárias, para cada ano, e de “cobertura” dessas barreiras nos países importadores.
“Os resultados comprovam a percepção de que as barreiras não tarifárias têm aumentado ao longo dos anos, em detrimento das barreiras tarifárias, que, por serem mais visíveis, têm sido mais combatidas”, conta o professor Orlando. “O trabalho de Chantal tem uma contribuição importante para o setor exportador de grãos, permitindo conhecer, se adaptar e/ou contestar essas medidas que interferem diretamente no volume e preço das exportações”, ele diz.
Apesar de a pandemia ter impedido as viagens de Chantal à Viçosa, ela conta que o curso ofereceu o conhecimento que ela buscava. “O título de mestrado sempre vale muito, especialmente em uma instituição como a UFV”, avalia Chantal. “O conhecimento que eu adquiri me ajudou nas atividades do dia a dia, assim como as trocas que eu tinha com o meu orientador, que também pude levar para o meu trabalho”, conta ela, que hoje tem um cargo em uma multinacional do agronegócio.
Foto: Vitor Dutra Kaosnoff por Pixabay