Primeiro aluno a defender a dissertação retorna ao mestrado como coorientador

No ano de 2011, uma turma de servidores do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) ingressou no recém-criado Mestrado Profissional em Defesa Sanitária e Vegetal da UFV, pensado naquele momento para atender demandas muito presentes na rotina de trabalho do órgão. Neste grupo estava Ricardo Hilman, hoje Coordenador Geral de Proteção de Plantas do MAPA. Menos de dois anos depois, Ricardo defendeu, junto à banca, a primeira dissertação do mestrado, entrando para a história como o primeiro mestre formado pelo curso. 

Agora, mais de dez anos depois, ele retorna ao Mestrado, na condição de coorientador. Essa é a primeira vez que o hoje doutor em Fitossanidade assume uma função deste tipo, para a qual ele se diz entusiasmado. “Eu sempre achei que as universidades precisam estar mais próximas dos profissionais, e o Mestrado Profissional proporciona isso, que os estudos sejam muito mais direcionados.Ver pessoas que queiram continuar estudando, melhorando sua capacidade tecnológica de pesquisa, de qualidade, e voltadas para a função que elas exercem é excelente é o que me incentivou a participar. Além do que é uma honra participar do mestrado onde eu ingressei em 2011.”

Na época, o pesquisador mapeou as barreiras interestaduais fitossanitárias do Brasil, que servem para que sejam fiscalizados produtos agropecuários com alguma restrição de trânsito em função de problemas fitossanitários. Naquele momento, essas barreiras não eram devidamente conhecidas e listadas pelo MAPA. “Então, o meu trabalho foi localizá-las e avaliá-las não só do ponto de vista de estrutura, mas também avaliando se elas funcionam ou não, se estavam bem localizadas, de eram propícias. O trabalho incluiu não só as barreiras fixas, mas também as volantes que os estados tinham.”

O mapeamento traçado pela dissertação “As barreiras fitossanitárias interestaduais no Brasil: localização e avaliação técnica” foi imediatamente incorporado ao trabalho das equipes do MAPA e também de outros órgãos, como a Empapa. “Então foi um processo muito importante, não só pra mim, mas pro próprio Ministério da Agricultura. Conseguimos contribuir diretamente para o trabalho que estava sendo feito naquele momento em todo o país.”

Novo recorte
Ricardo volta a o Mestrado a convite do professor Orlando Silva, seu orientador em 2011. Juntos, eles orientam o mestrando Leonardo Augusto Ferro, que desenvolve estudos sobre as barreiras fitossanitárias do Estado de Rondônia, utilizando a mesma metodologia proposta anos atrás por Ricardo. Além de avaliar a evolução ocorrida naquelas barreiras  nos últimos 10 anos, o trabalho propõe a informatização total dos procedimentos e a interligação entre as barreiras fixas e móveis do Estado, agilizando e aumentado a eficácia das abordagens.

Ricardo, que ingressou no MAPA como auditor fiscal em 2002, destaca o quanto a oportunidade do mestrado foi importante na construção de sua carreira. “Eu me lembro que foi um desafio trabalhar e fazer o mestrado ao mesmo tempo. Em contrapartida, era um sonho desde quando eu me formei, que foi viabilizado exatamente pelo modelo de trabalho do mestrado. E, mais do que uma capacitação profissional qualquer, o mestrado foi importante porque a minha dissertação foi voltada pro Ministério da Agricultura, foi totalmente aplicada à minha necessidade no trabalho.”

 

Dissertação faz levantamento de barreiras não tarifárias, para soja e milho, entre 2000 e 2020

Quatro anos depois de se formar em agronomia pela Universidade Federal do Paraná, Chantal Baeumle Gabardo iniciou uma nova etapa da vida profissional, em São Paulo, trabalhando na Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC). Acostumada com a rotina de produção de soja, ela passou a lidar com conceitos novos, relacionados principalmente à qualidade de grãos e ao mercado internacional, e o desafio fez crescer a vontade de complementar sua formação. “Eu passei a ter bastante contato com muita coisa que eu não tinha visto na faculdade, fui tendo que aprender muita coisa, e comecei a procurar outras fontes de informação. Eu já tinha feito um MBA, na própria UFPR, mas eu queria algo mais consistente, e acabei optando pelo Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV.” 

A história se desenvolveu de um jeito diferente do que Chantal esperava, já que a pandemia impediu as aulas presenciais e o convívio com os colegas, mas dois anos depois, ela concluiu o curso apresentando a dissertação “Barreiras não tarifárias às exportações: o caso da exportações de soja (grão, farelo e óleo) e milho do Brasil, nas últimas duas décadas”. O trabalho, orientado pelo professor Orlando Silva, traça um raio X das barreiras não-tarifárias (sanitárias e técnicas) incidentes sobre as exportações brasileiras de soja e milho, entre os anos de 2000 e 2020, detectando ainda quais as que mais impactaram nas exportações brasileiras desses produtos. Com essas informações, Chantal calculou, para cada produto selecionado, índices de “frequência” das barreiras não tarifárias, para cada ano, e de “cobertura” dessas barreiras nos países importadores.

“Os resultados comprovam a percepção de que as barreiras não tarifárias têm aumentado ao longo dos anos, em detrimento das barreiras tarifárias, que, por serem mais visíveis, têm sido mais combatidas”, conta o professor Orlando. “O trabalho de Chantal tem uma contribuição importante para o setor exportador de grãos, permitindo conhecer, se adaptar e/ou contestar essas medidas que interferem diretamente no volume e preço das exportações”, ele diz. 

Apesar de a pandemia ter impedido as viagens de Chantal à Viçosa, ela conta que o curso ofereceu o conhecimento que ela buscava. “O título de mestrado sempre vale muito, especialmente em uma instituição como a UFV”, avalia Chantal. “O conhecimento que eu adquiri me ajudou nas atividades do dia a dia, assim como as trocas que eu tinha com o meu orientador, que também pude levar para o meu trabalho”, conta ela, que hoje tem um cargo em uma multinacional do agronegócio. 

Foto: Vitor Dutra Kaosnoff por Pixabay

Novas referências e padrões para análise de sementes no Brasil

A engenheira agrônoma Eliana Aparecida Silva chegou ao final do curso de Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal, em maio de 2020, fazendo muito mais do que podia imaginar. Nos dois anos em que frequentou as aulas na UFV, ela trocou de emprego, superou os desafios pessoais e geográficos que tinha e, com muito orgulho, deixou, por meio de sua dissertação, uma importante contribuição para a obtenção de padrões de referência para análise de sementes comerciais  no Brasil. 

Com o seu trabalho “Obtenção e identificação de sementes de plantas daninhas para amostras de referência, Eliana, que hoje é agrônoma da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no campus de Montes Claros, foi a campo selecionar espécies de plantas daninhas, cujas unidades de dispersão são comumente associadas a sementes brasileiras, com o objetivo de desenvolver diretrizes para elaboração de protocolo para produção de material de referência e produzir coleções para cerca de 50 laboratórios. “Os lotes de sementes que são comercializados no Brasil precisam passar por análises de qualidade realizadas por laboratórios credenciados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e para a realização dessas análises é necessário que os laboratórios disponham de coleções de sementes certificadas, que serão comparadas com as sementes encontradas nas amostras analisadas. Contudo, há uma notória carência de sementes de referência no mercado nacional, e a aquisição por meio de importação é bastante onerosa. Apresentei uma alternativa sanar esta demanda “, explica ela.

O trabalho foi orientado pelo professor Antônio Alberto e coorientado por Maria Izabel Furst Gonçalves, vinculada ao Ministério da Agricultura. “Na minha trajetória acadêmica encontrei grandes nomes, que foram fundamentais para meus resultados, e sou muito grata a todos eles.” A satisfação que ela demonstra hoje diante da conclusão do mestrado contrasta com o tamanho do desafio apresentado no início do curso, quando ela precisou conciliar distância e família com as aulas e projeto de pesquisa. “Naquele período eu vivia em Belo Horizonte, onde trabalhava 40 horas semanais e cuidava da minha filha Isabella, na época, com 2 anos. Parecia-me quase impossível, mas como existia um ‘quase’, comecei.”

Eliana frequentou parte das aulas com a presença da filha, Isabella

O cronograma diferenciado de aulas presenciais e a acolhida que os professores ofereceram não só à Eliana, mas também à Isabella, foram, segundo a engenheira, fundamentais para a realização do curso. “Além disso, a presteza, o trabalho em equipe, a organização, a responsabilidade e a maneira de tratar o aluno de forma individual, procurando entender a situação de cada um, foi um grande diferencial.” 

“O mestrado possibilitou-me a realização de um sonho profissional e pessoal. Através desse curso adquiri novos conhecimentos, aumentei minha qualificação profissional e desenvolvi maior senso crítico”, avalia ela. O ponto de maior destaque, porém, está na identificação entre a visão de Eliana sobre a defesa sanitária e o conhecimento dividido pelos professores do curso. “A forma com que foram abordados os temas reafirmou a ideia que eu tinha de manejo integrado como melhor caminho possível. Hoje defendo o sistema como um dos programas mais importante para a agricultura, uma vez que busca uma sustentabilidade realista e palpável.”

 

Dissertação contribui para portaria que cria Programa Nacional de Prevenção e Controle da HLB

Uma dissertação desenvolvida durante o Mestrado de Defesa Sanitária Vegetal da UFV contribuiu diretamente para a elaboração da portaria do Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento (MAPA) que institui o Programa Nacional de Prevenção e Controle da Huanglongbing (HLB). O trabalho “Caracterização da dispersão espaço-temporal e sistema de monitoramento de Huanglongbing no estado de Minas Gerais”, de autoria do fiscal agropecuário Leonardo do Carmo, sob orientação do professor Emerson Del Ponte, foi defendido em 2019. No mesmo ano, o MAPA convidou especialistas representantes de órgãos de defesa sanitária vegetal do país para discutir a atualização da norma então vigente, incluindo Leonardo, que é vinculado ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

“Fui convidado a apresentar a situação de Minas Gerais, um cenário que na época era menos conhecido nacionalmente do que o paulista. A dissertação trazia dados totalmente atualizados, então foi muito oportuno”, conta Leonardo. Ele disponibilizou ao Ministério da Agricultura informações que incluem dados epidemiológicos (desde o 1° foco nas diferentes regiões de Minas), tipos e tamanho de produção afetadas e delimitações de áreas de risco para a praga, que atinge plantações de citros em vários países e que, no Brasil, causa grande prejuízo especialmente aos produtores de laranja e tangerina. A doença, também conhecida como greening, é causada por uma bactéria transmitida pelo psilídeo-asiático-dos-citros (Diaphorina citri), inseto frequentemente encontrado nos pomares brasileiros, e é capaz de comprometer a planta de forma irreversível. 

“Com os dados interessantíssimos que o próprio Leonardo trouxe, conseguimos dar outra perspectiva ao tema, já que o conhecimento até então era mesmo muito restrito ao estado de São Paulo”, conta o professor Emerson. A principal contribuição do trabalho à legislação, na visão de Leonardo, foi reforçar a necessidade de incluir o controle do vetor nas políticas públicas de combate à praga, como reforço aos esforços de erradicação da doença que já vinham sendo feitos. “Eu já trabalhava com esses dados, já acompanhava a HLB há anos e sempre tive interesse em fazer estudo em torno dela. A experiência no mestrado foi excepcional, porque consegui fazer o caminho completo: levar para a academia minha prática e depois voltar à prática com mais conhecimento acumulado”, diz.

A portaria n° 317 foi publicada no último dia 21 de maio e traz a delimitação de municípios onde já foi constatada a presença do HLB, indicando a eles e também às áreas limítrofes a adoção do monitoramento e do controle do vetor. “Colho os frutos do aprendizado e do convívio com professores e colegas do mestrado até hoje, e fico contente por continuar a contribuir para melhoria da defesa sanitária vegetal do país, propiciando uma agricultura mais pungente”.

 

Agrônomo aponta perspectivas e oportunidades após a conclusão do Mestrado Profissional

Dar continuidade à sua formação após a inserção no mercado de trabalho parece distante para muitos profissionais. Contudo, ao identificar uma oportunidade que concilie com a rotina profissional e que impacte diretamente na sua atuação, muitos profissionais não só investem na sua formação, como passam a desejar ir além. Isso aconteceu com o engenheiro agrônomo Mauricio Luiz Diamantino, que concluiu o Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal pela UFV, em 2019. Hoje, ao sentir o impacto que o curso trouxe para a sua carreira, com o reconhecimento dos colegas de trabalho e o surgimento de novas oportunidades para atuação, ele já planeja o futuro: “Essa atenção que foi nos dada já aventa a possibilidade até de um doutorado em manejo integrado de pragas, algo que era inimaginável há exatos dois anos”.

O engenheiro agrônomo Mauricio Luiz Diamantino.

Natural de Barretos (SP), Mauricio se graduou em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 1995 e no ano seguinte, mudou-se para Araguaína (TO), onde atua como inspetor na Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins (Adapec – TO). Estudar na Universidade Federal de Viçosa era uma “vontade antiga” que veio a se concretizar a partir de um convite do engenheiro agrônomo Cleovan Barbosa Pinto. Egresso do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal, Cleovan incentivou o colega de trabalho a também ingressar no curso, já que ele concluiu o Mestrado Profissional em 2016 e foi uma excelente experiência.

Seguindo o conselho do colega, Mauricio ingressou no Mestrado Profissional em 2017. “Do ingresso até a defesa da dissertação fomos conduzidos por professores e tutores bastante comprometidos com o ensino, a pesquisa e a extensão, e que desde o primeiro momento confiaram na capacidade de trabalho de cada um, resultando em uma equipe coesa. Essa proximidade permitiu a melhor roteirização dos trabalhos com contribuições pontuais em todas as atividades de campo, de laboratórios, sobretudo nas representações gráficas do trabalho apresentados à banca examinadora”.

Mauricio defendeu a dissertação intitulada “Sistemas de tomada de decisão de controle de tripes em cultivos de melão”, sob a orientação do professor da UFV Marcelo Coutinho Picanço. O inspetor agropecuário da Adapec – TO avalia que “a Universidade Federal de Viçosa ao colocar-se como promotora do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal, acreditando nas demandas trazidas pelos profissionais para a academia e essas demandas serem discutidas cientificamente com publicações de alto impacto, foi para mim uma quebra de paradigma do ensino a distância no Brasil”.

Ele também destaca a ampla rede de contatos que estabeleceu no decorrer dos dois anos de curso: “Estudamos com colegas das agências de defesa agropecuárias dos estados do Ceará, Maranhão, Minas Gerais e Santa Catarina, e isso proporcionou uma extraordinária rede de contatos profissionais e de ajuda mútua”.

Além de abrir novas perspectivas para a sua formação, gerar reconhecimento e ampliar o seu networking, Mauricio tem ainda mais motivos para comemorar: “Após a conclusão do Mestrado, a Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Tecnólogos do Estado do Tocantins (AEA) indicou o nosso nome para a composição do quadro de conselheiros do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Tocantins (CREA-TO).  Com muita honra, aceitamos o convite e fomos empossados em fevereiro de 2020”.

Mestrado Profissional amplia possibilidades de atuação para egressos

 

O professor universitário Maykon Dias Cezario defendeu a sua dissertação no Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal (MPDSV), no dia 14 de fevereiro e agora, celebra as novas possibilidades e os dois anos dedicados à obtenção do título na UFV: “O MPDSV com certeza foi uma das grandes oportunidades da minha vida. A possibilidade de cursar um mestrado de alto nível conciliando com as atividades profissionais foi o que pontuou mais. Além disso, contar com um corpo docente de muito gabarito e estudar na UFV contribuíram também em minha decisão”.

Natural da cidade de Timóteo (MG), localizada no Vale do Aço, “região industrial que se destaca na produção de aço”, Maykon se formou em Agronomia na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). “Tive uma origem simples, mas sou oriundo de uma família que sempre valorizou a educação”. Desde a graduação, a dedicação aos estudos faz parte do dia a dia do agrônomo. “Atuei com pesquisa nas áreas de fitotecnia, entomologia e fitopatologia, sempre conectado com a defesa sanitária vegetal, que sempre foi a área de meu maior interesse na agronomia. Estagiar em empresas de pesquisa agropecuária, como a EPAMIG, e marcar presença em eventos científicos faziam parte da minha rotina. Foram cinco anos de muita dedicação, que culminaram no prêmio de melhor aluno do curso, na cerimônia de colação de grau” – relembra com orgulho.

Concluído o curso superior em 2009, a sua primeira experiência profissional ocorreu no estado de Mato Grosso do Sul, onde ele trabalhou com grandes culturas em uma multinacional focada na produção de etanol e bioenergia. “No centro-oeste brasileiro conheci, exercitei e enfrentei os desafios da produção agrícola. Considero-me privilegiado em ter iniciado a carreira em uma região das mais desenvolvidas e tecnológicas do Brasil no que diz respeito à agricultura”.

Ao retornar ao seu estado de origem, Maykon descobriu uma nova área de atuação: “Quanto retornei a Minas Gerais, comecei a atuar na área educacional como professor universitário na rede privada, e me apaixonei pela academia. Já com experiência, fui fazendo carreira na área educacional e atualmente, coordeno dois cursos de graduação na Univale: Agronomia e Agronegócio. Represento ainda a região Vale do Rio Doce no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), atuando como conselheiro da Câmara especializada da Agronomia e também no Conselho de Educação do CREA-MG”.

Mestrado Profissional

Experiente no comando da sala de aulas, em março de 2018, foi a vez de o professor assumir também a condição de aluno, ao ingressar no Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV. Foram dois anos de dedicação que se encerraram no mês de fevereiro, período cujo maior desafio, segundo Maykon, foi “conciliar os estudos com as atividades profissionais em um mercado privado, que nos exige continuamente muita dedicação e entrega”.

Sob a orientação da pesquisadora Madelaine Venzon, Maykon pesquisou sobre controle biológico conservativo em café Conilon. “A busca de alternativas ao controle químico exclusivo para o manejo de pragas é primordial, e uma dessas possibilidades se trata da manipulação do ambiente visando ao controle biológico conservativo. No trabalho desenvolvido em minha dissertação, avaliou-se a eficiência da diversificação da vegetação através da introdução do ingá no controle biológico das principais pragas do café Conilon, sendo elas: bicho-mineiro, cochonilha-da-roseta, broca-do-café e ferrugem. O trabalho foi conduzido em lavoura comercial em Itueta (MG)” – descreve.

Concluído o mestrado profissional, Maykon já identifica benefícios que essa recente conquista lhe proporcionou: “Fazer o MPDSV sem dúvida já me beneficiou pelo universo de possibilidades que encontrei. A possibilidade de continuar trabalhando com pesquisas envolvendo café Conilon e beneficiando os produtores regionais; a possibilidade de dar sequência aos estudos com o doutorado; e atuar na área de defesa sanitária vegetal com maior propriedade, são os principais benefícios”.

Pesquisa desenvolvida no Mestrado Profissional resulta em depósito de patente no INPI

A pesquisa desenvolvida pela mestre em Defesa Sanitária Vegetal, Ana Paula Soares da Rocha, durante o Mestrado Profissional na UFV, resultou no depósito da patente “Composições ectoparasiticidas à base de Lithraea brasiliensis e uso”, no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Ana Paula defendeu a sua dissertação sobre avaliação do potencial carrapaticida de plantas neotropicais em julho de 2019, e no início deste ano, realizou o depósito da patente buscando desenvolver uma formulação comercial a base de Lithraea brasiliensis para controle de carrapatos de forma mais eficiente e mais segura. “A pesquisa realizada durante o mestrado nos mostrou que o extrato dessa planta é muito eficiente no controle de carrapatos resistentes aos carrapaticidas disponíveis no mercado”.

Ana Paula explica: “Agora, as nossas pesquisas focarão em verificar se a molécula que apresentou atividade é segura do ponto de vista ambiental, com estudos de impacto em organismos não-alvo como insetos benéficos, predadores, polinizadores e organismos aquáticos. Também analisaremos a segurança alimentar dessa molécula, pelo fato de que este produto será usado principalmente nos rebanhos bovinos, temos que assegurar que após o uso, não haverá resíduos na carne e no leite”.

A pesquisadora destaca que “na produção agropecuária, a busca por ferramentas mais seguras e eficientes é constante. A cada dia cresce a demanda por alimento, e sabemos que essa produção deve atender a sociedade não só em quantidade, mas também em qualidade e de forma sustentável. Os extratos botânicos têm se mostrado promissores porque muitas plantas são ricas em substâncias bioativas, que são biodegradáveis e apresentam baixa ou nenhuma toxicidade a mamíferos e outros organismos não-alvo. Assim, nosso estudo pode levar ao desenvolvimento de um novo produto para controle de carrapatos de forma mais eficiente e mais segura”.

Além disso, a pesquisadora enfatiza o fato de sua pesquisa está buscando desenvolver um produto originado de uma planta do Cerrado brasileiro. “Temos o privilégio de ter em nosso país, em seus diferentes biomas, uma flora rica em biodiversidade, não encontrada em nenhuma outra parte do mundo. Logo, o número de moléculas existentes que ainda não foram pesquisadas é muito grande. O incentivo e apoio às pesquisas relacionadas à nossa biodiversidade devem ser contínuos, pois os compostos químicos presentes na nossa flora, além de serem fontes de novas moléculas para o combate de pragas e doenças na agropecuária, também dão origem a compostos usados em áreas como medicina, farmácia, nutrição, dentre outras. Tudo isso reflete em melhorias na qualidade de vida da sociedade”.

Parceria multidisciplinar

Engenheira Agrônoma, professora de Química no curso de Engenharia Agronômica da Faculdade Cidade de João Pinheiro, na cidade de João Pinheiro (MG), e instrutora de formação profissional rural do Sistema FAEMG/Senar, onde ministra treinamentos de aplicação de defensivos, Ana Paula ingressou no Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV em agosto de 2017, onde construiu uma profícua parceria com outros pesquisadores.

Na UFV, ela contou com a orientação do professor Eugênio Eduardo de Oliveira, “que de prontidão abraçou a ideia” e a apresentou à pesquisadora Graziela Domingues de Almeida Lima. “Doutora em Biologia Celular e Estrutural e com grande conhecimento em bioquímica e farmacologia, o trabalho da Dra. Graziela foi essencial na condução dos bioensaios em organismos não-alvo e no tratamento e análise de dados; sendo também para mim, um exemplo de positividade e profissionalismo, o que me motivou muito durante todo o processo” – destaca.

Na UFMA (Universidade Federal do Maranhão), Ana Paula contou com a parceria da professora do Centro de Ciência e Tecnologia, Cláudia Quintino da Rocha. “Eu já conhecia o magnífico trabalho realizado pela professora Cláudia. Então, a convidei para ser minha coorientadora, gerando uma parceria entre a UFV e a UFMA. Ela é uma profissional renomada, com vasta experiência na área de Química de Produtos Naturais, atuando principalmente no isolamento, identificação de metabólitos secundários e avaliação farmacológica de extratos e compostos bioativos. Com o suporte de uma profissional com tamanha competência, nossos estudos químicos foram conduzidos de forma muito eficiente, fazendo com que conseguíssemos fazer toda a caracterização química do nosso extrato, além de descobrir qual era a molécula responsável pela bioatividade”.

Além do suporte na parte metodológica, Ana Paula acrescenta que a atuação das duas pesquisadoras, Graziela e Cláudia, “foram imprescindíveis em todo o processo de elaboração e acompanhamento dos tramites do depósito da patente”. Como Ana Paula resume: “este foi um trabalho desenvolvido por dois agrônomos, uma química e uma bióloga; que nos mostrou que a parceria entre profissionais de diferentes áreas gera resultados muito positivos para toda sociedade”.

Além da pesquisa voltada para o uso do extrato da Lithraea brasiliensis na agropecuária, as pesquisadoras pretendem avançar ainda mais nos experimentos: “Estamos testando esse extrato em células cancerosas. Os primeiros resultados já apontaram uma possível atividade em determinados tipos de células, portanto, mais pesquisas serão realizadas a fim de confirmar esses resultados”.

Contato entre profissionais de diferentes áreas de atuação incrementa formação dos estudantes

Durante dois anos, o engenheiro agrônomo da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins (ADAPEC/TO) Breno Gomes Barbosa viajou do estado do Tocantins para Minas Gerais, para participar dos encontros presenciais do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal, em Viçosa. Inspetor de defesa agropecuária na ADAPEC/TO, Breno concluiu o curso na UFV em 2016 e destaca que o Mestrado Profissional lhe proporcionou “conhecer pessoas com diferentes formações e atuações, como fiscais, pesquisadores, professores, analistas, entre outros, todos ligados à cadeia agrícola. Durante os encontros presenciais trocamos várias experiências profissionais”.

Para ele, que desenvolve ações voltadas para a prevenção, controle e/ou erradicação de pragas nas culturas de importância econômica e social para o estado de Tocantins, uma das principais contribuições do curso para a sua atuação, foi ampliar o “conhecimento técnico-científico na detecção e identificação de pragas e inimigos naturais, utilizado durante as fiscalizações nas lavouras produtivas”.

Natural de Porto Velho (RO), Breno concluiu o curso de Agronomia em 2010, na Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Na UFV, no Mestrado Profissional, o agrônomo defendeu a sua dissertação sobre o ataque de tripes Frankliniella schultzei à cultura da melancia. De acordo com Breno, “a pesquisa foi realizada em lavouras comerciais de melancia. O grupo foi formado por orientados do professor Marcelo Coutinho Picanço (UFV) e orientados do professor Renato de Almeida Sarmento (UFT). Os estudos tiveram como objetivo determinar os fatores que regulam a intensidade de ataque de tripes F. schultzei à cultura da melancia”.

Esses estudos possibilitaram o entendimento da bioecologia desse organismo e podem embasar o planejamento de programas de manejo integrado de pragas. Foram avaliados elementos climáticos, planta hospedeira e inimigos naturais. Observou-se que o ataque de tripes é maior nas épocas secas, em plantas que estejam no início do cultivo e, preferencialmente, nas folhas mais apicais do ramo. Também se verificou que quanto maior o ataque de tripes, maiores são as populações do predador Chrysoperla sp. O inspetor de defesa agropecuária da ADAPEC/TO avalia que “diante dessas informações, os produtores podem fazer um melhor planejamento do manejo das suas lavouras, como: a melhor época para o plantio; utilização de defensivos agrícolas seletivos aos inimigos naturais presentes na sua área; e o direcionamento da aplicação de defensivos para as partes da planta onde estão concentradas as pragas”.

Fiscal agropecuário destaca contribuições do Mestrado Profissional para sua carreira

Quem não deseja obter uma melhoria salarial fruto de uma qualificação profissional? Além do conhecimento adquirido, esse foi um incentivo a mais para o engenheiro agrônomo Rodrigo Eustáquio da Silva cursar o Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal na UFV. Fiscal agropecuário do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), ele  concluiu o Mestrado Profissional em 2017 e afirma que o curso já está contribuindo na resolução de problemas cotidianos: “ Hoje, enxergo o ambiente de trabalho no IMA de forma ampla, fruto do senso crítico adquirido durante o curso. Além do mais, já está prevista uma melhoria salarial pela qualificação, que é sempre positivo”.

Atuando em Belo Horizonte (MG), Rodrigo dá apoio ao gerenciamento de fiscalização de agrotóxicos realizados no estado de Minas Gerais.  Para a sua dissertação, ele escolheu como tema  a “Otimização da Fiscalização do Uso de Agrotóxicos pelo Instituto Mineiro de Agropecuária”. De acordo com o engenheiro agrônomo, “embora Minas Gerais seja a sexta unidade federativa do Brasil em vendas de agrotóxicos, o IMA é o órgão que mais realiza atividades de fiscalização do uso desses insumos nas propriedades rurais do país”.

Rodrigo destaca que houve uma participação ativa de vários servidores do IMA na construção da sua dissertação, “levando-os a refletir de forma crítica o próprio ambiente de trabalho”. Ele avalia que a sua dissertação contribuiu para que o IMA passasse a utilizar “a base de dados do programa SICCA (Sistema de Controle e Comércio de Agrotóxicos e Afins), ferramenta on-line que estava ativa desde 2012 e que era subaproveitada para investigações fiscais. Conseguimos quantificar melhor o consumo de agrotóxico nas propriedades rurais em Minas Gerais, permitindo planejar melhor nossas ações fiscais nesse ambiente. Por fim, desenvolvemos uma ferramenta (fórmula) que auxilia no cálculo amostral do universo a ser fiscalizado de forma representativa”.

Satisfeito com os frutos que vêm colhendo com a conclusão do Mestrado Profissional, o fiscal agropecuário do IMA espera que a UFV também ofereça futuramente o Doutorado Profissional na área de defesa sanitária vegetal, permitindo assim que profissionais como ele possam continuar investindo na sua qualificação. “Ainda na graduação, o mestrado foi deixado de lado ao priorizar a conclusão do curso para entrar no mercado profissional. Através da UFV, pude inserir mais uma qualificação profissional no currículo, pois o curso é dinâmico e flexível, diferente do mestrado acadêmico, que exige dedicação integral”.

Trabalho sobre amostragem de tripes em cultivos de melancia é publicado em revista científica de alto impacto

Diferente de um mestrado acadêmico, cujo foco é a pesquisa, no mestrado profissional o viés é tecnológico. Entretanto, quando o trabalho desenvolvido é de grande relevância, a pesquisa científica também pode ganhar destaque num curso de pós-graduação com viés tecnológico. Foi por isso que o mestre em Defesa Agropecuária Vegetal Cleovan Barbosa Pinto publicou um artigo, fruto da sua dissertação, na Journal of Economic Entomology, revista científica de alto impacto para a área de Ciências Agrárias. Cleovan desenvolveu a sua dissertação sobre amostragem de tripes Frankliniella schultzei em cultivos de melancia. O plano de amostragem determinado no seu trabalho possibilita colocar em prática a avaliação das populações de F. schultzei, importante praga nos cultivos de melancia no Brasil.

Para desenvolver a sua dissertação, Cleovan contou com a participação de pesquisadores da UFV e da Universidade Federal de Tocantins (UFT) – Campus Gurupi. Na UFV, ele contou com a orientação do professor Marcelo Coutinho Picanço. Em Tocantins, o trabalho foi liderado pelo professor Renato Almeida Sarmento e envolveu vários estudantes de graduação, mestrado e doutorado da UFT. O trabalho foi realizado em cultivos comerciais de melancia em Formoso do Araguaia (TO), nos anos de 2014 e 2015.

De acordo com Cleovan, “primeiro foram selecionadas a amostra e a técnica de amostragem. Posteriormente, foi determinado o número de amostras a compor o plano de amostragem. A folha 1 (mais apical do ramo) foi o melhor ponto para amostragem de F. schultzei em plantas de melancia nos estágios: vegetativo, floração e frutificação. A contagem direta dos insetos na folha 1 foi a melhor técnica para amostragem de F. schultzei. O número ideal de amostras para compor o plano de amostragem foi 69 amostras por talhão. Esse plano de amostragem teve duração de 38 minutos e custo de R$ 4,51 por amostragem. Portanto, o plano de amostragem do tripes F. schultzei determinado possibilita a avaliação das populações dessa praga em cultivos de melancia de forma prática, já que ele é simples, rápido e de baixo custo”.

  • Qualificação

 

Graduado nos cursos de Agronomia (2006) e Engenharia de Segurança do Trabalho (2015), Cleovan é inspetor de defesa agropecuária da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins (Adapec – TO), autarquia responsável por promover a vigilância, normatização, fiscalização, inspeção e a execução das atividades ligadas à defesa animal e vegetal. Lotado na central da Adapec, que fica localizada na capital do estado, Palmas (TO), Cleovan ocupa atualmente o cargo de responsável técnico do Programa Estadual de Grandes Culturas.

O inspetor da Adapec concluiu o Mestrado Profissional em Defesa Agropecuária Vegetal da UFV em 2016 e avalia que o curso lhe proporcionou pleitear cargos que antes ele não se via em condições de exercer. “O Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal me proporcionou muitas coisas boas. A primeira foi o conhecimento que adquiri, passando a ver as coisas sob uma nova ótica, tanto na vida profissional, quanto na vida pessoal. O mestrado profissional também me proporcionou um crescimento dentro do meu serviço, onde atualmente sou responsável pelo Programa Estadual de Grandes Culturas da Adapec, agência onde sou concursado desde 2013”.