Dissertação avalia sucesso do programa de erradicação da praga quarentenária Cydia pomonella no Brasil

Em 2014, o  Ministério da Agricultura reconheceu oficialmente a erradicação da Cydia pomonella no estado de Santa Catarina e declarou o Brasil como livre dessa praga quarentenária. A C. pomonella é uma das principais pragas de importância econômica que atacam plantios de maçã no mundo e teve a sua presença constatada no Brasil nos anos 90, no sul do país. A sua erradicação no Brasil foi um marco, pois o estabelecimento da C. pomonella traria grandes prejuízos ao setor produtivo da maçã. Diante disso, o engenheiro agrônomo Silvio Luiz Rodrigues Testaseca escolheu como tema da sua dissertação no Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV, o Programa Nacional de Erradicação da Cydia pomonella (PNECP).

Defendida em 2013, sob a orientação do professor da UFV Orlando Monteiro e coorientação de Angela Pimenta Peres e Adalécio Kovaleski, a dissertação “A situação da Cydia pomonella no Cone Sul: avaliação das normas e do programa nacional de erradicação no Brasil” oferece um panorama do desenvolvimento do PNECP. Considerando aspectos ambientais, econômicos e sociais, foi realizada revisão bibliográfica sobre normas que tratam do tema, procedimentos utilizados e entrevistas com atores da cadeia produtiva no Brasil e na Argentina, país com a praga disseminada.  O Brasil possui determinadas exigências para a importação de maçãs, peras e marmelos – hospedeiros da praga – daquele país.

De acordo com o autor do trabalho, “existia a percepção entre os entrevistados de que o sucesso do Programa Nacional de Erradicação foi decorrente do esforço conjunto de diversos setores da cadeia produtiva e instituições envolvidas. Outra conclusão foi a informação de que as capturas da praga no país diminuíam ano a ano. E concluiu-se ainda que o Sistema de Mitigação de Risco implementado na Argentina, após o fechamento das importações da fruta pelo Brasil, foi fundamental para o controle da praga no nosso país”.

Aprendizado dentro e fora da sala de aula

Formado no ano de 1987, em engenharia agronômica pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”ESALQ/USP, Silvio atua no Serviço de Inspeção e Sanidade Vegetal (SISV), na Superintendência Federal de Agricultura em Santa Catarina, do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). “Dentre as atividades da área de Sanidade Vegetal, realizamos credenciamento e fiscalização de empresas que realizam tratamentos fitossanitários com fins quarentenários; levantamentos e monitoramento de pragas quarentenárias; emissão de pareceres de importação e exportação; e participação em grupos de trabalho relativos a pragas quarentenárias”.

Silvio destaca: “Acredito que o Mestrado colaborou com minha aprovação, em 2017, juntamente outros 34 auditores fiscais federais agropecuários, para compor o Quadro de Acesso para Adidos Agrícolas, da Secretaria de Relações Internacionais do MAPA”. De acordo com informações divulgadas pelo MAPA, “as atribuições de um adido agrícola abrangem a diversidade de assuntos técnicos da agricultura no mundo. Entre suas tarefas mais relevantes estão a busca por melhores condições de acesso a produtos do agronegócio, análises e estudos sobre as políticas agrícolas e legislações de interesse da agricultura brasileira. Outras atividades envolvem a participação brasileira em eventos de interesse do agronegócio, questões sanitárias e fitossanitárias, cooperação na área agrícola, além de políticas ambientais, de combate à fome e de desenvolvimento rural”.

O engenheiro agrônomo avalia que a principal contribuição do Mestrado Profissional para a sua carreira “foi em relação à atualização e aprofundamento de conhecimentos técnicos e em relação a estar mais disciplinado para minha atuação, com mais recursos acadêmicos, já que a minha graduação foi em 1987. Também tem a importância do mestrado no reconhecimento do esforço pelos demais colegas e administração geral do MAPA e seus clientes, uma vez que a formação acadêmica por uma universidade como a UFV permite crescimento profissional relevante”.

Além disso, o auditor fiscal do MAPA, natural do estado de São Paulo, destaca algumas vivências prazerosas oportunizadas pelo curso: “Um dos principais fatos é o da convivência com diversos outros colegas do MAPA, os quais eu não tinha proximidade, e que sempre gera discussões e conhecimentos positivos. O mesmo acontece em relação aos professores, uma vez que, mesmo após o término do curso, sempre que procurei um ou outro mestre, foi produtivo e prazeroso tal contato. Também não poderia deixar de citar o fato de que participar do mestrado na UFV permitiu que eu pudesse conhecer praticamente toda a região das cidades históricas de Minas Gerais, estado pelo qual tinha um grande apreço e que hoje me traz boas lembranças” – finaliza.

Novas ferramentas para melhor eficiência da inspeção fitossanitária é tema de dissertação do mestrado profissional

Considerando o acentuado aumento na movimentação de produtos agrícolas nos portos e aeroportos brasileiros e a necessidade de evitar a entrada de pragas quarentenárias no país, o engenheiro agrônomo Isac Medeiros desenvolveu a dissertação “Novas ferramentas para melhor eficiência da inspeção fitossanitária”. Fiscal agropecuário do Ministério da Agricultura, em Florianópolis (SC), Isac acredita que com a inovação tecnológica é possível melhorar a eficiência, padronizar e fortalecer o sistema de alerta fitossanitário.

O engenheiro agrônomo explica que para a sua dissertação “foi desenvolvida e testada uma mesa de inspeção de sementes e grãos de cereais; montado um banco de dados das imagens de sementes das plantas daninhas descrito na lista das pragas quarentenárias. Também foram realizados testes com a lupa USB, ligada a um computador para uso na inspeção fitossanitária, com o suporte dos programas computacionais AMCAP e Micro-Measure. Projetou-se e fabricou-se a mesa de inspeção e testou-se a eficiência de separação dos grãos e o tempo utilizado para inspeção”.

Isac concluiu o Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV em 2013. Na dissertação, ele contou com a orientação do professor Antônio Alberto da Silva e coorientação do professor Marcelo Coutinho Picanço. Para o fiscal federal agropecuário, que atualmente trabalha na área de produção de sementes e Biotecnologia de Organismo Geneticamente Modificado (OGM), “o mestrado profissional foi muito importante para rever, ampliar os conceitos científicos e técnicos nas atividades de fiscalização de sementes e mudas e de pesquisa e uso de Biotecnologia OGM, bem como para assegurar mais confiança na ação e estar mais preparado para as mudanças”.

Dissertação propõe nova perspectiva para receituário agronômico

A partir da perspectiva dos fiscais estaduais de defesa sanitária vegetal, o engenheiro agrônomo Luis Carlos Ribeiro, que possui vasta experiência na indústria de defensivos agrícolas, defendeu a dissertação “Receituário Agronômico – Relatos, Análises e Proposições”. O trabalho, orientado pelo professor da UFV Laércio Zambolim, propõe mudanças no sistema do receituário agronômico e defende que o engenheiro agrônomo tenha maior liberdade para exercer suas funções. Luis Carlos já atuou nas áreas de vendas e assistência técnica, desenvolvimento e registro de produtos. Atualmente, ele é gerente de assuntos regulatórios estaduais e municipais do SINDIVEG (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal) e concluiu o Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal neste ano.

 

Sobre a escolha do tema da sua dissertação, o engenheiro agrônomo destaca que “há uma série de trabalhos desenvolvidos sobre o assunto receituário agronômico, mas nunca tivemos uma visão direta, vinda de quem trabalha no dia-a-dia com o setor comercial e o agricultor, que é o fiscal estadual de defesa vegetal. Como há fiscais distribuídos por todos país, procuramos obter o posicionamento deles através da apresentação de um questionário. Procuramos colocar perguntas que englobassem informações antes da implementação do receituário e depois da implementação, visando comparar e propor adequações”.

Para ele, realizar esse trabalho “foi um desafio sensacional, muito trabalhoso, mas gratificante. Pudemos deixar claro que o sistema do Receituário Agronômico (RA) precisa ser revisto e revigorado. Gostaria de publicar esse trabalho para que o CREA e CONFEA possam se embasar e desenvolver um trabalho com o MAPA, para implementar o mais rapidamente possível as mudanças necessárias. O sistema está totalmente engessado, o engenheiro agrônomo precisa de maior liberdade para exercer suas funções. Não devemos temer que maus profissionais continuem a exercer erradamente o direito ao RA, o CREA está aí para puni-los e moralizar o sistema” – defende.

Difusão do conhecimento

Agrônomo formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro em 1985, Luis Carlos ingressou no Mestrado Profissional em 2016. Segundo ele, o tema defesa sanitária vegetal precisa ser mais discutido e difundido. Entusiasta dessa discussão e baseado num levantamento sobre a quantidade de novas pragas que existem na América Latina e que estão prestes a entrar no Brasil, Luis realizou sete eventos nacionais ligados à defesa vegetal, antes de ingressar no curso da UFV. “Fizemos um trabalho publicado em jornal de grande circulação alertando o país sobre o risco de entrada de novas pragas com a ocorrência da Copa do Mundo, Olimpíadas, shows de rock e turismo no Brasil. A matéria rodou o país inteiro e provocou um movimento no governo, aumentando o número de fiscais em portos, aeroportos e estradas. Conseguimos apreender uma série de objetos que poderiam causar a entrada de novos alvos biológicos no país. Com a realização dos sete eventos em 2014, 2015 e 2016, que comportou todas as regiões do país, vimos que no Brasil existem excelentes pesquisadores e professores que dominam o assunto, e devemos levar esse conhecimento para a sociedade. Então, conseguimos lançar o livro ‘Defesa Vegetal – Fundamentos, Ferramentas, Políticas e Perspectivas’, o qual tenho muito orgulho de ter participado da edição e possuir três capítulos no mesmo. Esse tema precisa ser difundido, estudado e compartilhado. Foi quando fiquei sabendo por amigos da intenção da Universidade Federal de Viçosa em promover este curso de mestrado”.

Crescimento constante

Luis Carlos concluiu o curso em 2017 e é assertivo ao destacar a contribuição do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV para a sua carreira: “Graças aos conhecimentos adquiridos, hoje represento as indústrias na Comissão Nacional de reavaliação da eficácia agronômica da ferrugem da soja e na Comissão Latino Americana para análise e tomadas de decisões referentes às estratégias que o governo brasileiro possa desenvolver com países vizinhos, visando conhecer os alvos biológicos que lá existem e que ainda não estão por aqui, e vice-versa. A avaliação de risco de pragas é de suma importância. Além de todo conhecimento de medidas preventivas e mitigadoras adquirido, o curso deixou aberto um crescimento constante, através de novos eventos e troca de experiências”.

A experiência no Mestrado Profissional foi tão positiva que Luis Carlos sempre o recomenda. Para ele, uma característica do curso que merece ser ressaltada é a participação de profissionais de todo o país, que trabalham em diferentes setores. “Este país é imenso, e essa mistura de regiões, pensamentos e conhecimentos enriquece todos, inclusive os professores. Essa participação transparente entre o setor governamental, seja federal ou estadual, o setor privado e a universidade, com ética e profissionalismo, só leva ao crescimento de todos”. Ele ainda acrescenta: “Com certeza nunca um curso será igual ao outro que acaba de encerrar, pois é tremendamente dinâmico e motivador. Eu sou um entusiasta e adoro recomendar este curso para quem puder cursar e torço para que cada vez mais, ele se consolide e cresça”.

Agrônomo conclui Mestrado Profissional e aponta natureza semipresencial do curso como diferencial

O engenheiro agrônomo Yuri Jivago Ramos, da CIDASC (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), concluiu o Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV, no mês de março deste ano. Sob a orientação do professor Marcelo Coutinho Picanço, ele defendeu a dissertação “Distribuição espaço-temporal de Anastrepha fraterculus em pomares de maçã”. Gestor regional da CIDASC, na cidade de Lages(SC), Yuri compartilha a sua experiência ao conciliar o lado pessoal, profissional e a logística para se dedicar ao Mestrado Profissional na Universidade Federal de Viçosa.

Natural do frio município de São Joaquim (SC), filho de pai produtor de maçã e criador de gado, a agricultura o acompanha desde a infância. Atualmente residindo na cidade de Lages, Yuri teve que driblar a saudade do filho pequeno, enfrentar muitas horas de voo e viagens de ônibus para chegar ao seu destino: Viçosa (MG), onde concluiu o seu mestrado. Mas o catarinense garante que todo o esforço valeu a pena e que a expectativa alta que tinha ao ingressar no curso em 2015, foi plenamente atendida. “Tenho que agradecer muito à empresa onde eu trabalho, que me liberou o tempo. Para cada encontro presencial eram uns dez dias, sendo cinco dias de encontro na UFV e cerca de dois dias de viagem para ir e dois para voltar. Agora melhorou. Quando comecei o curso, o aeroporto da minha cidade não funcionava. Pegava o avião em Curitiba (PR) ou Florianópolis (SC) para ir até Belo Horizonte(MG) e depois seguir de ônibus para Viçosa. Mas valeu a pena porque eu valorizo muito a questão do ambiente universitário. Você conversa com o pessoal e vê outras linhas de trabalho que estão sendo discutidas. Ferramentas que o pessoal utiliza e que você pode utilizar no teu trabalho. Isso em termos de conteúdo acaba enriquecendo bastante”.

Semipresencial

Yuri ainda destaca o fato de o curso ser semipresencial e proporcionar aos alunos trabalharem um tema dentro do seu campo de atuação profissional: “Acho que tende só a melhorar o ambiente virtual, sem perder a qualidade do ambiente universitário. Se fosse um curso só à distância, tu perderias os detalhes, não conheceria as pessoas. Agora, você fica uma semana na UFV, desenvolve alguns trabalhos e depois retorna. É uma maneira muito proveitosa de otimizar o tempo de quem tem as atividades de trabalho no dia a dia, sem perder a qualidade do material que está sendo produzido. E também tem essa questão do curso ser focado num problema. Assim, você consegue desenvolver uma linha de demanda da instituição onde você trabalha”.

Na sua dissertação, Yuri buscou determinar a distribuição espaço-temporal de A. fraterculos em pomares de maçã. “O meu trabalho foi sobre a distribuição espacial de mosca das frutas na região produtora de maçã. Essa praga é muito importante para essa cultura, pois traz danos reais do ponto de vista econômico e também é uma praga quarentenária. Nós já exportamos mais maçã. Para exportar ainda mais, tem que ter 100% de certeza de que a fruta lá na frente não vai ter larva. Então, a geoestatística, essa ferramenta que a gente está procurando compreender, vai fornecer mais precisão nas tomadas de decisão com relação às questões de controle. Até porque o número de produtos que a gente utiliza está diminuindo. Por questões de resíduo, o número de intervenções tende a ser pressionado a diminuir” – avalia.

Com a dissertação aprovada e o curso finalizado, o engenheiro agrônomo formado pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) destaca a sua evolução acadêmica durante os dois anos de mestrado profissional: “A gente não tem costume de escrever artigos, principalmente, artigos científicos. A gente trabalha mais com boletins técnicos. É algo bem diferente, mas eu evoluí bastante. E os contatos que a gente acaba fazendo no Mestrado Profissional são muito importantes. Hoje em dia é muita informação, você não consegue dominar tudo, mas você tem que saber onde essa informação está para poder buscar”.