Referência em pragas recém-introduzidas no Brasil ou com alto risco de entrada, a pesquisadora da Embrapa Elisangela Gomes Fidelis é uma das palestrantes confirmadas para o I Workshop de Defesa Sanitária Vegetal. Com o tema “Problemas com pragas quarentenárias no Brasil”, a pesquisadora apresentará as principais pragas já introduzidas no país e as que apresentam alto risco de entrada, bem como as ações para redução de riscos e impactos causados por essas pragas à agricultura brasileira e como os profissionais de defesa fitossanitária podem atuar nessa área.
Elisangela concluiu o curso de Agronomia, o mestrado, o doutorado e o pós-doutorado em Entomologia na UFV. No final do ano de 2010, ela ingressou na Embrapa, como pesquisadora em entomologia, no estado de Roraima. “Na região Norte, tenho tido a oportunidade de trabalhar com manejo de pragas em ambientes amazônicos e de fronteira, o que é um grande desafio, pois pouco se sabe sobre a entomofauna da região. Além disso, muitas espécies de pragas quarentenárias estão sendo introduzidas no Brasil por esta região”.
Pragas quarentenárias
De acordo com a pesquisadora, “pragas quarentenárias são organismos ausentes no país ou presentes, com distribuição restrita e sob controle oficial, que têm potencial de causar danos socioeconômicos e ambientais, e, portanto, ameaçam a agricultura nacional. Essas pragas podem ser insetos, ácaros, nematoides, fungos, bactérias, fitoplasmas, vírus e viroides, plantas infestantes e parasitas”.
Com impacto no comércio nacional e internacional, as pragas quarentenárias podem reduzir a produção agropecuária pelos danos que causam. Além disso, “podem levar à perda de mercados, devido às barreiras fitossanitárias (domésticas e/ou internacionais) impostas por países ou regiões onde a praga não está presente. Uma praga quarentenária pode ocasionar ainda o aumento do preço dos produtos comercializados, devido aos custos com programas de controle oficial ou medidas de contenção e tratamentos pós-colheita exigidos por países ou estados importadores”.
Como exemplo de praga quarentenária presente no Brasil que impõe barreiras ao comércio internacional, a pesquisadora cita a mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae), presente nos estados do Amapá e Roraima. “Os países importadores não aceitam frutas provenientes de regiões onde a mosca-da-carambola ocorre”.
Elisangela também cita outros casos de pragas quarentenárias introduzidas no Brasil e que causam prejuízos: “O caso mais recente de entrada de uma praga quarentenária de alto impacto econômico foi o de Helicoverpa amigera, que tem causado perdas expressivas ao algodão, soja e milho. Outro exemplo, é o HLB ou greening dos citros, que foi identificada em 2004 e causa sérios problemas na citricultura brasileira”.
Redução de riscos e impactos
Para a pesquisadora, dentre as medidas que podem evitar a entrada de pragas quarentenárias no Brasil, estão a fiscalização e o controle de trânsito de produtos agrícolas. Ela acrescenta: “Antevendo a eventual entrada de uma praga quarentenária, medidas para redução de seus impactos também devem ser tomadas, como: monitoramento e estabelecimento de plantações sentinelas para detecção precoce; desenvolvimento de planos de contingência e erradicação; melhoramento preventivo; introdução antecipada de inimigos naturais para o controle biológico; etc.”.
Atualmente, na Embrapa Roraima, Elisangela vem se dedicando ao estudo de duas pragas quarentenárias: o ácaro-vermelho-das-palmeiras e o ácaro-hindustânico-dos-citros. O primeiro, cientificamente conhecido como Raoiella indica, “foi detectado primeiramente no Brasil, em Roraima no ano de 2009 e hoje já está presente em vários estados brasileiros, causando danos ao coqueiro, banana e outras palmeiras. Os estudos com esse ácaro têm sido com o objetivo de selecionar inimigos naturais eficientes para seu controle, identificar seus hospedeiros e os danos causados aos mesmos e o desenvolvimento de modelos de potencial estabelecimento da praga”. Já o ácaro-hindustânico-dos-citros (Schizotetranychus hindustanicus) é uma praga quarentenária presente somente em Roraima. “Os estudos com esse ácaro são relacionados à sua biologia e desenvolvimento de modelos de previsão de ocorrência, estabelecimento e danos” – descreve.
Para conhecer um pouco mais sobre o trabalho da pesquisadora, participe do I Workshop de Defesa Sanitária Vegetal, que será realizado na UFV, nos dias 22 e 23 de setembro de 2018. A palestra “Problemas com pragas quarentenárias no Brasil”, com a Dra. Elisangela Gomes Fidelis, será no primeiro dia do evento. Confira a programação completa e inscreva-se.