Estudo avalia efeitos na diversidade da entomofauna após uso de fipronil para controle de pragas 

O engenheiro agrônomo Mateus Xavier de Alencar desenvolveu sua pesquisa ao longo de quase dois anos

O impacto que a aplicação de fipronil como estratégia para controle de pragas causa nas populações de inseto, especialmente abelhas, tem sido motivo de alerta nos últimos anos. Mas o que pouco havia sido explorado é o papel que a forma de aplicação da molécula poderia ter neste cenário: a aplicação direcionada ao solo impacta a entomofauna da mesma maneira que a aplicações aéreas ou foliares? Com essa questão em mente, o engenheiro agrônomo Mateus Xavier de Alencar desenvolveu sua pesquisa ao longo de quase dois anos, como parte de seu Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal. Mateus trabalha há nove anos com proteção de planta, sendo seis deles dedicados ao manejo de pragas em plantações de eucalipto. O resultado da pesquisa abre novas perspectivas para este cultivo, e foi apresentado recentemente, na dissertação “Efeitos na diversidade da entomofauna pelo uso de fipronil no controle de formigas cortadeiras em plantios de eucalipto“, sob orientação do professor Angelo Pallini.

“Queríamos avaliar os efeitos diretamente no campo, em condições reais. Então, aplicamos a molécula em um talhão tratado, deixando outro como controle sem aplicação, para monitorar os efeitos na entomofauna. No total, foram mais de 15 mil indivíduos coletados, durante um ano inteiro de avaliação”, conta Mateus, que desenvolveu sua pesquisa na Eldorado Brasil, empresa na qual ele trabalha há nove anos.

As aplicações de fipronil foram direcionadas exclusivamente ao solo. “Avaliamos o comportamento populacional em dois estratos: o solo e o arbóreo. Observamos que a aplicação no solo não impactou significativamente os artrópodes no estrato arbóreo, cujas populações permaneceram estáveis. Durante o período de 288 dias de monitoramento, detectamos uma influência restrita à entomofauna presente no solo, interferindo apenas em morfoespécies da família Formicidae, incluindo formigas cortadeiras, que eram o alvo da aplicação. Os resultados confirmam que a molécula, quando posicionada tecnicamente, é eficaz no controle de formigas cortadeiras, com efeito mínimo sobre organismos não-alvo.”

O combate às formigas cortadeiras representa hoje o maior custo do setor florestal brasileiro com manejo de pragas. Ainda assim, são poucas as alternativas capazes de realizar esse controle de forma operacional e eficaz. “‘Essa pesquisa traz importantes contribuições para o setor pois dispomos de poucas opções, e é essencial garantir o correto posicionamento das moléculas e o uso adequado da tecnologia de aplicação para assegurar a sustentabilidade e longevidade das ferramentas que temos disponíveis, reduzindo efeitos indesejáveis na entomofauna”, explica Mateus. Ele ressalta que essa alternativa se torna ainda mais relevante diante do atual cenário de escassez de mão de obra, causada pelo grande volume de áreas a serem manejadas. “Por contar com operações mecanizadas, essa estratégia oferece uma solução prática para suprir essa demanda, permitindo um controle eficiente como alternativa às intervenções manuais em alguns posicionamentos.”

Investigação inédita 
O trabalho tem caráter totalmente inédito. “Sua singularidade reside em trazer evidências robustas da eficácia do fipronil pulverizado ao solo no controle de formigas cortadeiras, algo pouco explorado até então. Além disso, o estudo investigou de forma detalhada a diversidade da entomofauna em plantios de eucalipto no bioma Cerrado, ao longo de diferentes estações do ano”, diz o pesquisador. Outro aspecto inovador está na análise do comportamento dessa diversidade quando submetida ao manejo de formigas cortadeiras com o uso de fipronil. “O estudo não apenas demonstrou a eficácia do controle das formigas, mas também ofereceu uma visão abrangente dos efeitos sobre outras populações de artrópodes presentes nos estratos do solo e arbóreo, contribuindo com novos dados para o manejo integrado no setor florestal.”

O impacto ambiental do fipronil nas condições testadas é, portanto, comparável a resultados de outros métodos de controle químico amplamente utilizados no manejo de formigas cortadeiras, bem como aos efeitos associados a moléculas conhecidas por apresentarem menor toxicidade a organismos não-alvo, como as abelhas. “No entanto, o fipronil oferece uma vantagem importante: ele apresenta menor persistência no solo em comparação com outras moléculas, reduzindo o risco de contaminação a longo prazo. Tendo em vista os resultados obtidos, torna-se crucial a construção de uma matriz de decisão robusta, que permita o melhor posicionamento estratégico de cada alternativa disponível para o manejo de formigas cortadeiras em plantios de eucalipto, considerando tanto a eficácia no controle quanto os efeitos ambientais associados.”

Mateus se graduou em agronomia no Mato Grosso do Sul, onde atua até hoje. Com sua experiência no setor produtivo, ele buscou no mestrado uma forma de estudar soluções práticas para o controle das formigas cortadeiras, sem se distanciar das demandas da rotina de trabalho. “Escolher o mestrado foi uma decisão muito acertada. O que mais me agradou foi a possibilidade de trazer problemas reais enfrentados pelas empresas e discuti-los de forma técnica e aprofundada. Além disso, poder usar os recursos da própria empresa para realizar experimentos que beneficiam tanto o nosso trabalho quanto o setor florestal como um todo é algo extremamente relevante.”

 

Coordenador do Mestrado reedita maior clássico da fitopatologia mundial 

O professor Emerson Del Ponte, coordenador do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal, é um dos coeditores do livro “Agrios’ Plant Pathology”, lançado pela Elsevier este mês em todo o mundo. A obra é considerada o maior clássico literário da Fitopatologia mundial. A sexta edição é a primeira coordenada por um time de especialistas, reunido após o falecimento do autor do texto original, o grego George N. Agrios, em 2010. Emerson trabalha ao lado de dois outros coeditores –  o alemão Ralph Hückelhoven e o suíço Antonio Di Pietro – e do editor-geral, o britânico Richard P. Oliver

Além de coeditar o trabalho, Emerson é autor de três capítulos, todos na área de Epidemiologia. “No livro original, havia um capítulo de epidemiologia, e eu desmembrei esse capítulo em três, com temáticas distintas e complementares dentro do tema. Temos um capítulo sobre quantificação de doenças, outro sobre epidemias, e um terceiro sobre sistemas de previsão”, conta ele. O capítulo sobre epidemias tem ainda a assinatura de outro brasileiro, o professor Eduardo Mizubuti, do Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia da UFV. Além deles, um terceiro brasileiro, o pesquisador Renato Bassanezi, da Fundecitrus, assina um capítulo sobre doenças em citros. 

Apesar de serem baseados na obra original de Agrios, os capítulos apresentam material inédito. “Essa é a primeira edição do livro que não é escrita pelo Agrios. Conservamos muito do material trazido por ele, por isso chamamos reedição, mas é também uma reestruturação da obra, que passa a ter um editor, três coeditores e vários autores de capítulos, de muitas nacionalidades diferentes. ” Assim como as demais versões deste trabalho, a sexta edição do livro cobre diversos aspectos da Fitopatologia, desde os princípios da ciência, um olhar sobre os agentes causais de doenças em plantas e uma série de capítulos dedicados às plantas hospedeiras. 

Com quase 20 anos de carreira como professor e desde 2017 no cargo de editor-chefe da revista Tropical Plant Pathology, da Sociedade Brasileira de Fitopatologia, Emerson diz que o convite para participar da reedição da obra de Agrios partiu do editor, Richard Oliver. “Foi uma surpresa e uma honra. É algo de um destaque muito grande na minha carreira, porque é uma obra de referência global. Ter um brasileiro como editor de uma obra com uma história tão grandiosa e que certamente terá um impacto tão importante na formação de tanta gente em tantos lugares diferentes é uma honra e um privilégio”, diz Emerson.

“Agrios’ Plant Pathology” já está à venda nos principais sites especializados e deve começar a ser distribuído nas próximas semanas. 

 

Primeiro aluno a defender a dissertação retorna ao mestrado como coorientador

No ano de 2011, uma turma de servidores do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) ingressou no recém-criado Mestrado Profissional em Defesa Sanitária e Vegetal da UFV, pensado naquele momento para atender demandas muito presentes na rotina de trabalho do órgão. Neste grupo estava Ricardo Hilman, hoje Coordenador Geral de Proteção de Plantas do MAPA. Menos de dois anos depois, Ricardo defendeu, junto à banca, a primeira dissertação do mestrado, entrando para a história como o primeiro mestre formado pelo curso. 

Agora, mais de dez anos depois, ele retorna ao Mestrado, na condição de coorientador. Essa é a primeira vez que o hoje doutor em Fitossanidade assume uma função deste tipo, para a qual ele se diz entusiasmado. “Eu sempre achei que as universidades precisam estar mais próximas dos profissionais, e o Mestrado Profissional proporciona isso, que os estudos sejam muito mais direcionados.Ver pessoas que queiram continuar estudando, melhorando sua capacidade tecnológica de pesquisa, de qualidade, e voltadas para a função que elas exercem é excelente é o que me incentivou a participar. Além do que é uma honra participar do mestrado onde eu ingressei em 2011.”

Na época, o pesquisador mapeou as barreiras interestaduais fitossanitárias do Brasil, que servem para que sejam fiscalizados produtos agropecuários com alguma restrição de trânsito em função de problemas fitossanitários. Naquele momento, essas barreiras não eram devidamente conhecidas e listadas pelo MAPA. “Então, o meu trabalho foi localizá-las e avaliá-las não só do ponto de vista de estrutura, mas também avaliando se elas funcionam ou não, se estavam bem localizadas, de eram propícias. O trabalho incluiu não só as barreiras fixas, mas também as volantes que os estados tinham.”

O mapeamento traçado pela dissertação “As barreiras fitossanitárias interestaduais no Brasil: localização e avaliação técnica” foi imediatamente incorporado ao trabalho das equipes do MAPA e também de outros órgãos, como a Empapa. “Então foi um processo muito importante, não só pra mim, mas pro próprio Ministério da Agricultura. Conseguimos contribuir diretamente para o trabalho que estava sendo feito naquele momento em todo o país.”

Novo recorte
Ricardo volta a o Mestrado a convite do professor Orlando Silva, seu orientador em 2011. Juntos, eles orientam o mestrando Leonardo Augusto Ferro, que desenvolve estudos sobre as barreiras fitossanitárias do Estado de Rondônia, utilizando a mesma metodologia proposta anos atrás por Ricardo. Além de avaliar a evolução ocorrida naquelas barreiras  nos últimos 10 anos, o trabalho propõe a informatização total dos procedimentos e a interligação entre as barreiras fixas e móveis do Estado, agilizando e aumentado a eficácia das abordagens.

Ricardo, que ingressou no MAPA como auditor fiscal em 2002, destaca o quanto a oportunidade do mestrado foi importante na construção de sua carreira. “Eu me lembro que foi um desafio trabalhar e fazer o mestrado ao mesmo tempo. Em contrapartida, era um sonho desde quando eu me formei, que foi viabilizado exatamente pelo modelo de trabalho do mestrado. E, mais do que uma capacitação profissional qualquer, o mestrado foi importante porque a minha dissertação foi voltada pro Ministério da Agricultura, foi totalmente aplicada à minha necessidade no trabalho.”

 

Orientadora Madelaine Venzon é destaque na Lista Forbes das 100 Doutoras do Agro

A professora orientadora do Mestrado Profissional Madelaine Venzon aparece na lista Forbes das 100 Mulheres Doutoras do Agro publicada neste domingo, dia 15 de outubro, Dia Internacional da Mulher Rural.

Pesquisadora da Epamig e referência no Controle Biológico Conservativo, Madelaine é destaque ao lado de outras 99 doutoras brasileiras que vêm contribuindo fortemente para o desenvolvimento do agronegócio no Brasil e no mundo. “Fiquei muito feliz pelo reconhecimento, afinal são 31 anos de Epamig dedicados às pesquisas em Controle Biológico de Pragas. Estamos em um momento que as tecnologias de base biológica estão sendo demandadas na agricultura. Como já trabalhamos com isso, podemos oferecer soluções com base científica para o manejo de pragas. Podemos dizer que participamos da criação da “onda” do controle biológico e não estamos somente “surfando” nela. Isso é extremamente recompensador, saber que o seu trabalho está sendo realmente aplicado.”

Reconhecida por liderar equipes de destaque com grande presença feminina, Madelaine aposta em uma abertura do mercado para o trabalho feito por mulheres. “Acredito que as portas estão se abrindo sim. A presença forte da mulher no campo, nas universidades e nas instituições de pesquisa tem aumentado. Particularmente, meu grupo sempre teve mulheres dedicadíssimas e que são destaque tanto no meio acadêmico como empresarial. Vejo nas mulheres uma força em descobrir o novo, em romper barreiras. Falo sempre que meu trabalho é reflexo de uma equipe, e nesta as mulheres estão presentes sempre.”

Opinião Orlando Silva – Gripe Aviária: Um grande problema

Orlando Monteiro da Silva*

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a primeira descrição da gripe aviária ocorreu em 1878 no norte da Itália, como uma doença contagiosa de aves, conhecida como “peste aviária”. Na virada do século 20, foi determinado que a “peste aviária” era causada por um vírus, mas somente em 1955 foi demonstrado ser um vírus influenza do tipo A. É uma doença infecciosa com alta taxa de mortalidade, que ja foi isolada em mais de 100 espécies de aves selvagens. O virus ocorre naturalmente entre aves aquaticas (patos, gansos, gaivotas, etc) e migratórias, mas pode infectar outras espécies de aves domésticas e animais. É classificado como tendo baixa (LPAI) e alta (HPAI) patogenicidade. A doença com baixa patogenicidade não apresenta sinais nas aves ou os mesmos são brandos, enquanto aquela com alta patogenicidade apresenta taxa de mortalidade acima de 75%. A linhagem H5N1 tem sido a responsável pelos casos de infecção em humanos. Apesar dos casos serem esporádicos, requer atenção, já que uma mutação genética do virus poderia levar à transmissão entre os humanos.

A gripe aviária tem chamado a atenção da comunidade internacional ao longo dos anos, pelos repetidos surtos em vários países, sempre com consequências devastadoras para a indústria aviária, a subsistência dos criadores, a saúde animal e o comércio internacional. Nos locais onde os surtos ocorrem costuma-se abater as aves doentes e as saudáveis, para evitar a propagação da doença, o que implica em grandes perdas econômicas imediatas e impactos em prazos mais longos em toda a cadeia produtiva. O acompanhamento dos surtos da gripe aviária no mundo é feito pela Organização Mundial para a Saúde Animal (WOAH – antiga OIE), por meio das notificações ao Acordo de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS) da OMC. A WOAH reporta que depois de ocorrerem surtos em aves domésticas e selvagens da África, Ásia, Europa e América do Norte, a doença foi detectada nas Américas Central e do Sul. Nos últimos 4 meses, a gripe aviária foi notificada pela primeira vez na Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador, Honduras, Panamá, Peru e Venezuela e, mais recentemente na Argentina e Uruguai. Parece inevitável que a doença chegue ao Brasil.

Dado que o Brasil é o maior exportador de carnes de aves do mundo, a ocorrência da doença em criação comercial, teria como efeito imediato, o embargo às importações por vários países. Dadas as dimensões continentais do país e em antecipação ao problema, uma regionalização da produção deveria estar registrada junto à WOAH e OMC, possibilitando a continuidade das exportações de algumas regiões, para alguns países. Nas regiões afetadas, as medidas sanitárias mais rígidas elevariam os custos de produção, enquanto os preços da carne seriam reduzidos pelo declínio do consumo externo e interno. O preço dos ovos aumentaria pela redução da oferta.

Para evitar ou postergar a ocorrência da gripe aviária no país, protocolos rigorosos de segurança estão sendo implantados nas granjas e abatedouros. O MAPA tem planos de vigilância passiva (sob notificação) e ativa de gripe aviária em estabelecimentos avícolas, abatedouros e para casos de mortalidade de aves silvestres, além da vigilância de criações de subsistência em áreas de risco. Está em vigor um rigoroso controle no trânsito de aves, ovos e material genético interno e nas fronteiras.

* Professor colaborador/voluntário da UFV. Mestrado em 1979 pela UFV e Doutorado em 1990 pela North Carolina State University. Atua em barreiras não alfandegárias e comércio internacional, demanda e interdependência de mercados, métodos quantitativos em economia e comércio internacional de commodities agrícolas.

Mulheres potencializam produção científica do Mestrado Profissional

Oito de março é dia de celebrar as mulheres e seus infinitos lugares na nossa sociedade!

Na foto, Dra. Madelaine Venzon, orientadora do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal e pesquisadora da Epamig, umas das maiores referências do Brasil no controle sanitário de pragas do café.

Na figura dela, o Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal reconhece o brilhantismo e protagonismo das mulheres na nossa rotina de trabalho em busca de cada vez mais conhecimento.

Lugar de mulher é onde ela quiser!

Orientadores do Programa Madelaine Venzon e Angelo Pallini editam publicação internacional sobre manejo sustentável de pragas do café

Os professores Angelo Pallini e Madelaine Venzon, do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal, são os editores convidados de uma publicação especial recentemente anunciada pela revista internacional Agriculture, do MDPI (Multidisciplinary Digital Publishing Institute), que tem fator de impacto 3.408. O tema da edição especial é “Sustainable Pest Management for Coffee Production“. Os professores vão receber artigos de autores de todo o mundo. O prazo para submissão dos trabalhos já está aberto e vai até 12 de abril de 2023. 

“Problemas ambientais, resistência de pragas a pesticidas, questões relacionadas à toxicidade e ao cumprimento das “compliances” pelas corporações no comércio internacional têm levado os cafeicultores a buscarem alternativas para o controle de pragas, tradicionalmente dependente de pesticidas químicos. Portanto, serão aceitos trabalhos que abordem estratégias como o controle biológico conservativo, uso de biopesticidas, de variedade resistentes, do controle cultural, entre outras para o manejo sustentável de pragas do cafeeiro”, explica Dra. Venzon, que é pesquisadora da Epamig. 

“Todos os pesquisadores que trabalham no tema são encorajados a submeter seus trabalhos. A vantagem de uma edição especial é dar rapidez à publicação e concentrar as informações, dando visibilidade às pesquisas e  gerando difusão e discussão do assunto em questão na comunidade internacional que trabalha na área”, avalia Angelo.

Os textos devem ser submetidos em inglês. Somente são aceitos manuscritos inéditos. O guia para os autores e outras informações importantes para submissão dos manuscritos estão disponíveis neste link. As palavras-chave definidas pelos editores são controle biológico conservativo; biopesticidas; broca-do-café; bicho-mineiro-do-café do cafeeiro; ácaros; interações na teia alimentar do cafeeiro; monitoramento de pragas e cultivares resistentes a pragas de café.

A Agriculture é uma revista mensal de acesso aberto. O MDPI atua desde 2010 e é mantido hoje pela MDPI Sustainability Foundation.

Foto: Madelaine Venzon 

Mestrado Profissional retoma atividades presenciais 

Foram retomadas, na última semana, as atividades presenciais do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal. 

Os alunos estiveram no campus da UFV em Viçosa para as aulas de três disciplinas diferentes: Manejo Integrado de Plantas Daninhas em Defesa Vegetal; Programas de Manejo Integrado de Pragas e Manejo Integrado de Doenças em Defesa Vegetal. 

No encontro, a turma teve a oportunidade de conhecer pessoalmente o campus, os colegas de turma e, claro, os orientadores do curso.

No segundo semestre, entre os dias 17 e 22 de outubro, as turmas voltam a se reunir em Viçosa.

 

Revista destaca pesquisas de Madelaine Venzon no controle de pragas do café

O trabalho da pesquisadora Medelaine Venzon, orientadora do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal, é destaque na edição deste mês da revista Globo Rural. Na matéria “Barreiras naturais”, a publicação apresenta avanços da ciência brasileira para o controle de pragas que atacam os cafezais, com foco na diversificação de culturas que têm o potencial de aumentar a população dos inimigos naturais das pragas. 

Madelaine, que é coordenadora do Programa de Agroecologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), vem se dedicando ao longo dos últimos anos ao estudo de culturas que possam ser utilizadas como agentes de Controle Biológico Conservativo (CBC) em cafeeiros, notadamente no combate à broca-do-café e ao bicho-mineiro. A publicação apresenta a crescente importância destas pesquisas, especialmente diante dos desafios trazidos pelo aumento da temperatura global, com destaque para os sistemas agroflorestais, que associam a plantação de café com outras espécies, como o ingá, o trigo-mourisco e a crotalária. 

Essas alternativas já chamam a atenção do mercado, que vê no trabalho da pesquisadora um importante aliado na transição para uma cafeicultura regenerativa. Em breve, a Nespresso deve iniciar uma parceria técnica com a Epamig, no intuito de utilizar esse conhecimento como apoio para seus fornecedores. A ideia é implementar projetos-piloto em fazendas do Cerrado Mineiro e construir indicadores sobre a viabilidade financeira e os benefícios do CBC nas práticas regenerativas. 

Madelaine também é orientadora do Programa de Pós-Graduação em Entomologia da UFV e do curso de Pós-Graduação latu sensu em Proteção de Plantas, da mesma instituição. No início do ano, ela teve seu trabalho reconhecido por meio do Prêmio Pesquisadores-Destaque do ano da Epamig.

Fotos: Rodrigo Carvalho Gonçalves

Mais informação e mais conhecimento no combate às sementes pirata

As sementes pirata fazem parte da rotina do fiscal de Defesa Agropecuária do Estado do Mato Grosso Rodrigo Vicenzi desde 2012, e não por acaso foi a elas que ele dedicou a maior parte de sua atenção em sua passagem pelo Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal, no período de 2018 a 2020. “O curso, pra mim que estou na área de Defesa Agropecuária, encaixou como uma luva. Tanto as disciplinas em sala de aula quanto o projeto de pesquisa desenvolvido, em uma área bastante crítica e bem atual, que seria nossa principal atividade de fiscalização no estado do Mato Grosso, foram de muito proveito.”

Em sua dissertação, sob orientação do professor Orlando Monteiro da Silva, Rodrigo fez uma análise do uso e da legislação em torno das sementes piratas de soja no estado do Mato Grosso – o maior produtor do grão do Brasil, com uma plantação de mais de 9 milhões de hectares. “A questão é que pelo menos um quarto das sementes de soja utilizadas são sementes não certificadas. Parte delas são reserva de uso próprio, e as demais, 11,2% segundo estimativas, são pirata”, diz Rodrigo, dando uma dimensão da relevância do tópico para o trabalho que ele exerce. “Nós aqui no Centro estamos vendo acontecer comércio de semente irregular em todo lugar, em todas as cidades, com vários produtores adquirindo, enquanto temos uma legislação bastante amarrada e engessada”, diz o agrônomo.

Rodrigo atua como fiscal agropecuário no estado do Mato Grosso

Ao final da dissertação, Rodrigo apresentou uma série de contribuições para promover o avanço desta legislação, como a adoção de medida cautelar e alteração nos valores das multas hoje aplicadas. “Na safra de 2017/2018, esses 11,2% de semente pirata representaram cerca de R$ 612 milhões que deixaram de ser movimentados pelos produtores de sementes e pela revenda, somente no Estado do Mato Grosso.”

Nova visão
“O curso me ajudou a estudar melhor, a trabalhar melhor, e entender melhor toda essa parte de legislação, não só a nossa legislação estadual, mas toda legislação federal, instrução normativa, e muitas outras que abrangem o tema”, conta Rodrigo, que ingressou no curso de Agronomia com apenas 16 anos, na Universidade Estadual de Santa Catarina.  “Mas o mestrado é importante também porque nos coloca em contato com muita gente diferente de todo o Brasil, de várias áreas. Em várias ocasiões, isso ajuda até na tomada de decisões na nossa própria área de trabalho, à medida que vamos trocando ideias com profissionais de outras regiões do país que estão na mesma atividade. Ganhei muito em atualização, em conhecimento, em informação”.