Madelaine Venzon recebe prêmio da Epamig 

A orientadora do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal Madelaine Venzon vai receber, na próxima semana, o prêmio Pesquisadores-Destaque do Ano da Epamig. A premiação foi criada pela instituição para agraciar os pesquisadores com maior produtividade, com base nos dados da Plataforma Pesquisa Epamig, que reúne vários indicadores de atuação profissional. 

Dra. Madelaine se destaca por projetos desenvolvidos na linha de controle biológico conservativo em cafeeiros, financiados pelo CNPq, pela Fapemig e pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa em Café, com grande impacto no desenvolvimento tecnológico e na difusão de tecnologias na área de defesa sanitária vegetal. “Este é um reconhecimento importante, é ter a satisfação de saber que o seu trabalho está sendo reconhecido pela sociedade. Estou realmente muito feliz.”

Confira a produção científica da Dra. Madelaine Venzon acessando o Currículo Lattes dela aqui.

Dra. Madelaine é pesquisadora da Epamig desde 1992, e em 2017 recebeu, também da instituição, o Destaque Mérito Científico. “Acho importante diversificarmos nossas ações, lembrando sempre do nosso papel e dos nossos públicos. Assim, eu procuro, além de escrever os artigos, dedicar parte do tempo para as produções técnicas, para os eventos de popularização da ciência, para a formação de recursos humanos, para atividades de administração e para a convivência com os agricultores. Nesse caminho eu ressalto a importância dos trabalhos em rede, de aliar as competências, de trabalhar em equipe. E finalizo agradecendo à minha família, aos meus parceiros de trabalho da Epamig e das outras instituições e, em especial, aos meus ex e atuais orientandos.”

Além dos trabalhos de pesquisa e da orientação aos alunos do Mestrado Profissional, Madelaine também é orientadora do Programa de Pos-Graduação em Entomologia e do curso de Pós-Graduação latu sensu em Proteção de Plantas, ambos na UFV. Em 2020, ela atuou ainda como Coordenadora da Câmara de Recursos Naturais, Ciências e Tecnologias Ambientais.

A premiação acontece na próxima terça, 04 de maio, às 14h, no Canal da Epamig no You Tube

Foto: Rodrigo Carvalho Gonçalves 

Força de trabalho feminina impacta mercado de Defesa Sanitária

A força de trabalho feminina talvez não seja exatamente o que marca o imaginário popular quando pensamos no mercado de defesa sanitária, mas um olhar mais apurado pode nos ajudar a reconstruir, aos poucos, esse ponto de vista. Se as mulheres ainda não são maioria nos trabalhos de campo e nem ocupam as cadeiras de professores/orientadores nos cursos de graduação e pós-graduação em igual proporção, elas têm participação pra lá de expressiva na geração de conhecimento, entregando frequentemente estudos e projetos fundamentais para o desenvolvimento do setor em todo o país. No Mestrado Profissional de Defesa Sanitária Vegetal, elas assinam mais de 30% das dissertações defendidas até hoje – mas mais do que números, estamos falando de qualidade. 

“Eu tive a experiência de orientar homens e mulheres, e posso dizer que a dedicação – e o resultado – das minhas orientandas salta aos olhos”, atesta Elisangela Gomes Fidelis, orientadora do MP e pesquisadora da Embrapa/Cerrados. Elisangela, que é mestre e doutora em Entomologia pela UFV, conta que viveu seu maior desafio profissional por volta de 2010, quando passou no concurso da Embrapa e assumiu uma vaga de entomologista no Norte do Brasil, na região de Boa Vista.  “Foi desafiador porque eu estava longe de família e amigos, numa região muito quente, muito isolada geograficamente, e havia muita resistência ao trabalho de uma mulher, especialmente em termos campo. Mas tenho muito orgulho deste trabalho, foi onde cresci profissionalmente, onde fiz minha carreira por quase dez anos.” Radicada hoje em Brasília, ela acaba de retornar à sua rotina de trabalho, depois de sua primeira licença-maternidade. “É lógico que a maternidade interfere, mas não é impedimento para ser uma pesquisadora. Precisamos, como mulheres, nos colocar, nos posicionar, para mostrar que somos tão capazes quanto os homens.”

Rosinei fez trabalho de campo no Mato Grosso

Impacto no campo
A agrônoma Rosinei Santos acaba de defender, com orientação de Elisangela, a dissertação “Diagnóstico e fatores determinantes de pragas em pastagens no município de Santa Terezinha, Mato Grosso”. O trabalho surgiu de uma demanda dos produtores rurais da região, com quem a pesquisadora já trabalhava, e o resultado terá impacto direto na pecuária bovina, principal atividade econômica local. “Não tínhamos um trabalho técnico científico com informações que determinassem a presença de inseto-praga relacionados a pastagem. Esse trabalho poderá embasar nossas atividades do dia a dia, com métodos de controle e recomendações que possam propiciar a convivência com o inseto-praga e gerar estratégias”, diz Rosinei. Certa de que o curso do mestrado lhe rendeu maior espírito crítico, ela conta que precisou enfrentar a baixa representatividade e o preconceito contra as mulheres desde que iniciou sua formação. “Sem dúvida, o ambiente que convivo é composto por muitos colegas do sexo masculino, que em sua maioria tinha ou tem a convicção que lugar de mulher é em casa. Mas a forma com que lido com essa situação até hoje me proporcionou ser respeitada, ser ouvida e/ou, pelo menos, ficar no espaço profissional que decidi ocupar.” 

“Vejo um aumento contínuo das mulheres nas turmas do mestrado profissional e, pela experiência que tenho tido nas aulas, as mulheres são mais participativas e abordam assuntos variados com conhecimento e experiências adquiridos no universo profissional do qual elas fazem parte. Com certeza os espaços estão se abrindo para mulheres nesta área e elas vêm ganhando papel de destaque em muitas pesquisas que realizam”, endossa Wania dos Santos Neves, orientadora do Mestrado Profissional e pesquisadora da Epamig. Wania, também mestre e doutora pela UFV, identifica um aumento da presença de mulheres tanto na defesa sanitária vegetal quanto em outras áreas das ciências agrárias. “Podemos ter acesso a publicações de estudos realizados em que é relatado o aumento da produção científica feminina no Brasil, nos últimos 20 anos. Segundo tais, estamos perto de atingir 50% da produção científica total do país e esse fato é muito importante para que as mulheres sejam vistas e respeitadas no universo da pesquisa científica.”

Mercado de trabalho
O desafio, neste contexto, parece ser fazer com que as profissionais, cada vez mais capacitadas, consigam lugar à sua altura no mercado de trabalho. “A gente ainda vê muita dificuldade na inserção destas mulheres no mercado, principalmente em cargos de chefia, no topo de carreiras mais especializadas. Há casos de mulheres que se submetem a cargos muito aquém do que poderiam estar fazendo”, alerta Elisangela. Wania completa chamando a atenção para um outro tipo de desigualdade. “Em uma entrevista de emprego, muitas vezes é perguntado à mulher se ela tem filhos pequenos, se tendo filhos pequenos eles não atrapalhariam a realização de atividades, como viagens, por exemplo. A questão é que essas perguntas não são feitas ao homem, porque os afazeres domésticos e os cuidados com os filhos são automaticamente tidos como parte das obrigações das mulheres na vida familiar.”

Além de orientar estudantes do mestrado, Wania atua hoje na Epamig Sudeste, desenvolvendo, ao lado da também orientadora do MP, Madelaine Venzon, pesquisas sobre controle alternativo de pragas e doenças, além de trabalhos de extensão que levam conhecimento à população de áreas rurais em dezenas de cidades da Zona da Mata mineira. Depois de anos de carreira, ela diz que o preconceito não faz parte de seu dia a dia, mas nem sempre foi assim. “Vivi um grande desafio ao ser chefe geral de uma Unidade da Epamig que, antes, não havia tido mulheres no cargo. Em muitas reuniões externas, eu era a única mulher presente e, inicialmente, algumas vezes não era ouvida. O mesmo acontecia quando ocorriam problemas nos Campos Experimentais, eu era a única mulher da área técnica presente no comitê gerencial. Inúmeras vezes eu era questionada sobre a posição e/ou decisão que eu tomava, e muitas vezes criticada duramente por outros colegas.” 

Edna passou pelo mestrado em 2018 e é hoje professora do Instituto Federal de Educação do Pará

A professora do Instituto Federal de Educação do Estado do Pará Edna da Silva Brito passou pelo mestrado profissional entre 2017 e 2018, realizando uma pesquisa em torno de pimenta malagueta e plantas aromáticas como manejo de pragas. Com uma carreira consolidada como fiscal agropecuária e, em seguida, como professora, foi na UFV que ela encontrou não só oportunidade de desenvolvimento profissional como também de empoderamento. “Pude perceber a importância para as mulheres de se sentirem mais confiantes e reconhecidas por sua participação, principalmente na ciência, onde ainda somos minoria”, diz ela, citando a desproporção entre doutores e doutoras na instituição em que atua. “Com a conclusão do mestrado, progredi na carreira, saindo do nível um para o nível três e, com o aumento salarial, passei a receber igual a um doutor devido ao reconhecimento de saberes e competências (RSC), uma lei que beneficia professores do Ensino Básico Técnico e Tecnológico. Com essa experiência, percebo que cada vez mais sigo um caminho com novas visões e metas para o meu futuro”, diz ela, que tem hoje dois doutorados em curso – na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e na Univates/RS

Inspiração
No curso de Mestrado Profissional, Edna, que além de pesquisadora e professora é mãe de quatro filhos, encontrou ainda outro elemento que ela julga fundamental para a construção de sua carreira: inspiração. “Na pesquisa de mestrado fui orientada pela Madelaine Venzon, uma profissional incrível e com muitos talentos. A vi como um espelho para minha carreira profissional”, conta, lembrando da importância do apoio de professoras e colegas estudantes para a criação de um ambiente encorajador. Madelaine, que acumula trabalhos de grande repercussão na área de controle de pragas, destaca o desafio de conciliar as múltiplas tarefas que as mulheres frequentemente assumem e a importância de reconhecer o tempo de cada coisa. “Fico muito feliz em ser citada como exemplo e inspiração. Tenho uma ótima relação com os colegas e com os estudantes, estamos aqui para contribuir, para aprender uns com os outros. É muito bom convergir os papéis de pesquisadora com os de orientadora e de professora, são complementares, é rico para mim e para os estudantes”, diz ela, que é pesquisadora da Epamig.

Também para Rosinei, ser orientada por uma mulher durante o mestrado foi um privilégio. “Tive a oportunidade de conviver com a professora Elisangela, uma mulher que, em sua área profissional, é uma referência de conhecimento e sucesso. Desenvolver um trabalho dessa envergadura com uma pessoa que compreende todas essas dificuldades faz com que o trabalho flua”, conta a agrônoma, destacando ainda a parceria fundamental da própria família. “Isso (o sucesso profissional) não foi uma conquista só minha, meu esposo e meus três filhos fazem parte. Entender que em determinados momentos é preciso dar prioridade a determinada ação é o que faz diferença – não conseguimos ser excelentes em tudo a todo momento e ao mesmo tempo, e não devemos ser cobradas e nem nos cobrar por isso.”

 

Assuntos tratados no MP

Para saber do que tratam as dissertações e estudos feitos desde 2013, clique e amplie e a imagem acima!

Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV seleciona candidatos para 2021/1

O Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV está recebendo inscrições de candidatos para o Processo Seletivo 2021/1. São oferecidas 25 vagas, destinadas a profissionais graduados que atuem nas ciências agrárias e em áreas afins, que tenham interface com a defesa sanitária vegetal.

O curso é estruturado de forma a permitir que o aluno concilie suas atividades profissionais com os estudos, possibilitando inclusive que o aluno aplique no seu local de trabalho o conhecimento adquirido nas aulas.

O Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal tem duração de dois anos e as disciplinas são oferecidas em módulos condensados, durante encontros presenciais realizados no campus da UFV, em Viçosa (MG). Os alunos também recebem ensinamentos em ambiente virtual, ao longo dos semestres.

Além de utilizarem toda a infraestrutura da Universidade para as atividades de ensino e pesquisa, os alunos ainda contam com a orientação de professores da UFV. O corpo docente é composto na sua maior parte por professores dos departamentos de Economia Rural, Entomologia, Fitopatologia e Fitotecnia da UFV. O time de orientadores conta também com pesquisadores da Embrapa e Epamig.

Ficou interessado? Aproveite e inscreva-se. Os candidatos poderão se inscrever até o dia 15 de fevereiro de 2021, apenas pela internet. Todas as informações sobre a seleção de candidatos constam nos links abaixo:

Fotos: Rodrigo Carvalho Gonçalves

Mestrado Profissional dá continuidade às aulas durante a pandemia

A pandemia provocada pelo novo coronavírus não impediu que o Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV desse prosseguimento às suas atividades. Os dois encontros agendados para os meses de março e maio foram realizados com sucesso. Ainda que os alunos originários de várias regiões do Brasil não tenham se encontrado presencialmente em Viçosa (MG), o aprendizado e a interação previstos para os encontros foram garantidos por aulas online com os professores do curso.

O engenheiro agrônomo Anderson Souza de Jesus destaca que sentiu falta de encontrar colegas e professores na UFV, mas sabe da importância de se manter as atividades do curso a distância. “Neste momento em que todo mundo está se adaptando, o Mestrado Profissional está dando oportunidade de não parar, inovando, e todo mundo está participando da inovação que essa pandemia acabou acarretando. Isso é muito importante: o uso de ferramentas tecnológicas e o aprendizado no uso dessas tecnologias para transmitir conhecimento”.

Além disso, o agrônomo que trabalha na área de tecnologia de aplicação da empresa Juma Agro, em Espírito Santo do Pinhal (SP), destaca que o momento está proporcionando uma nova interação. “Conciliar estudos, vida particular, vida profissional, tudo junto no mesmo momento, num local só”. Ele conta que até mesmo o seu filho, ainda pequeno, acabou se interessando pelo conteúdo estudado, ao ver uma apresentação sobre insetos durante uma das aulas online que o agrônomo assistia em casa.

O agrônomo Anderson Souza de Jesus com o filho.

Três disciplinas e muito aprendizado

No encontro realizado de 18 a 22 de maio, por videoconferência, foram ministradas três disciplinas: Manejo Integrado de Doenças, pelo professor Laércio Zambolim; Manejo Integrado de Plantas Daninhas, pelo professor Antônio Alberto e Programas de Manejo Integrado de Pragas, pelos professores Eliseu Pereira e Marcelo Picanço.

Para o aluno Anderson Souza de Jesus, que coordena um programa de treinamento sobre a tecnologia de aplicação na empresa onde trabalha, o conteúdo das três disciplinas vai auxiliar bastante no seu cotidiano. “Consegui aprender porque as pragas ocorrem e como tomar decisões mais assertivas e eficientes no combate e também o emprego de um sistema no combate ou no controle dessas pragas, que podem ser insetos, plantas daninhas ou doenças. Isso é muito interessante, poder passar essas informações de forma eficiente ao público que eu ministro palestras e também desenvolver melhor ações com o produtor rural”.

A agrônoma Katyuscia Ferreira Lavrins Bessa.

Quem também está satisfeita com o conteúdo trabalhado nas disciplinas é a engenheira agrônoma Katyuscia Ferreira Lavrins Bessa. Representante técnica da Dekalb, na Bayer, ela atua no município de Jataí (GO) e destaca a aplicação prática do conhecimento adquirido nas aulas. “Estou muito ligada com o produtor rural. Então, as disciplinas cursadas estão agregando no meu dia-a-dia, onde eu posso levar informações de qualidade e em primeira mão sobre as principais pragas, doenças e plantas daninhas, direcionando o melhor manejo, o melhor controle e a melhor ferramenta hoje, pensando em meio ambiente, em produtividade e em resultados, bem como em produzir mais alimentos, de qualidade e que tragam alta rentabilidade ao produtor rural”.

Confira o resultado do Processo Seletivo 2020/1

Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal divulgou o resultado da seleção de candidatos. Foram selecionados dez candidatos.  Veja a seguir o resultado do Processo Seletivo 2020/1.

1) SELECIONADOS:
Anderson Souza de Jesus
Chantal Baeumle Gabardo
Eva Macedo dos Santos
Felipe Freire Marincek
Gabriela de Oliveira Furini
Jéferson Alves Pereira
Maycon Henrique Sobreira Germano
Queicianne Paniago Coleta
Rodrigo Barros dos Santos
Valeria Ferreira de Arruda Dorileo

2) NÃO SELECIONADOS:
Aron Barros Virgolino
Cássia Barbosa Aires
Evandro Neto Mendes Veiga
Fábio Martins de Lima
Gabriel Jeyme Silva Rocha
Higgor Martins Pereira
Janaina Pompeu dos Santos
Lucas Silva Teixeira
Matheus Vinícius Pieper
Orlanilson da Silva Brito
Rodrigo Altoé

Artigo: O acordo de compras governamentais

Orlando Monteiro da Silva*

O governo brasileiro acaba de sinalizar pela adesão do país ao Acordo de Compras Governamentais, mantido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), no que parece ser mais um movimento em direção de sua participação na OCDE. No Brasil, os órgãos públicos (União, Estados e Municípios) fazem suas compras com base na lei de licitações públicas (Lei Federal nº 8.666/93) que contém uma série de exigências legais para proceder a contratação de obras, serviços e produtos. Os fornecedores são as empresas nacionais que vencem as licitações por terem apresentado o melhor preço. Ao aderir ao Acordo da OMC, que tem a sigla GPA em inglês, o Brasil estará abrindo o mercado nacional de compras governamentais à concorrência estrangeira.

O acordo GPA é não vinculante, ou seja, por ser membro da OMC os países não são obrigados a participarem desse Acordo.  Atualmente, são 47 países membros efetivos e 32 observadores e uma cobertura de compras estimada em US$ 1,7 trilhões. A maioria dos membros efetivos é de países desenvolvidos e entre os observadores estão países como, China, Rússia e Índia, além dos latino americanos Colômbia, Costa Rica, Chile e Argentina. Ser observador permite aos países participarem das discussões sobre temas relevantes tais como a participação de pequenas e médias empresas, práticas de aquisições governamentais sustentáveis e, padrões ambientais e de segurança internacionais. O Acordo estabelece uma série de compromissos em termos de transparência e de acesso aos mercados, baseado nos princípios da reciprocidade. Para tanto, fornece garantias legais de não discriminação para os produtos, serviços e fornecedores dos países membros. Uma revisão desse acordo adotada em 2014 tem estimulado a adesão dos países em desenvolvimento, pois concede a eles um Tratamento Especial e Diferenciado com um acesso gradual e flexível. Eles podem ampliar gradativamente a cobertura do Acordo com relação à entidades ou setores internos específicos e até mesmo, por meio de negociações, adotar políticas próprias de conteúdo doméstico, de investimento e de licenciamento de tecnologias.

O receio dos países em desenvolvimento em aderir ao Acordo GPA esteve sempre relacionado à perda de capacidade de utilizar as compras públicas para fazer políticas de desenvolvimento. É muito comum a concessão de preferência aos fornecedores e à produção locais, mesmo que eles sejam menos eficientes e tenham custos maiores. A participação no Acordo GPA trará um desafio a esses fornecedores de serem competitivos o suficiente para competirem com empresas de outros países. Aquelas que conseguirem terão a oportunidade de se internacionalizar. Empresas estrangeiras que ganharem os contratos no país deverão investir aqui gerando novos empregos. O sistema de compras governamentais terá que ser reformulado, mas os governos terão ganhos econômicos com as compras mais baratas e até com produtos de melhor qualidade.

*Professor Titular da UFV.

Mestrado em 1979 pela UFV e Doutorado em 1990 pela North Carolina State University. Atua em barreiras não alfandegárias e comércio internacional, demanda e interdependência de mercados, métodos quantitativos em economia e comércio internacional de commodities agrícolas.

 

 

Artigo: Dados discrepantes sobre as exportações e importações

Orlando Monteiro da Silva*

Os dados da tabela abaixo são parte da Tabela A6 da publicação World Trade Statistical Review 2019[1], da Organização Mundial do Comércio. Foram tomados apenas como um exemplo de casos muito comuns na análise do comércio internacional, quando encontram-se discrepâncias entre os dados referentes às exportações e importações. Nesse caso específico, o valor das exportações (19.475 trilhões de US$) e importações (19.867 trilhões de US$) mundiais de mercadorias para o ano de 2018 deveriam ser os mesmos, pois o que sai de um país ou países deveria chegar no outro ou outros. E porque eles diferem? São várias as explicações e algumas delas são descritas a seguir.

No exemplo mostrado acima alega-se que os dados são de responsabilidade das instituições estatísticas de cada país e que as diferenças ocorrem por questões de arredondamento. Usualmente as discrepâncias são justificadas por falhas dos exportadores e das agências governamentais nacionais em relatar corretamente os dados estatísticos. Há casos em que as exportações são infladas, quando, em alguns países, são realizadas campanhas de promoção das exportações e casos, em que são reportados valores menores do que os verdadeiros, para evitar a cobrança de impostos. Em outros casos surgem diferenças pelos países excluírem os dados das zonas de livre comércio (zonas francas). Também, há diferenças devido à consideração ou não das reexportações e das mercadorias em transito, além dos atrasos (time lags) nos registros das exportações e importações. Vale lembrar que os custos de transporte e os valores do seguro são incluídos nos valores das importações (CIF) mas não nos valores das exportações (FOB), o que também pode ser fonte de diferença nos dados agregados.

São por essas razões que na maioria dos estudos empíricos sobre o comércio internacional, faz-se a opção pela utilização dos dados sobre as importações. Eles também apresentam problemas, mas é de interesse dos governos controlá-los com mais rigor, devido à cobrança de impostos sobre as importações (tarifas), ou ao controle das quantidades importadas (cotas). Contudo, independente da opção adotada, é importante, sempre que possível, que os dados sejam obtidos da mesma fonte, cuja metodologia de coleta e compilação tendem a ser as mesmas, minimizando possíveis erros.

[1] https://www.wto.org/english/res_e/wts2019_e/wts2019_e.pdf

*Professor Titular da UFV.

Mestrado em 1979 pela UFV e Doutorado em 1990 pela North Carolina State University. Atua em barreiras não alfandegárias e comércio internacional, demanda e interdependência de mercados, métodos quantitativos em economia e comércio internacional de commodities agrícolas.

 

Dissertação do Mestrado Profissional dá origem a manual de procedimentos para auditores fiscais agropecuários do MAPA

A dissertação defendida pelo auditor fiscal agropecuário Gilvio Westin Cosenza foi o ponto de partida para a elaboração do Manual de Sanidade Vegetal, que orienta os profissionais das superintendências do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), sobre a aplicação padronizada de normas e utilização de formulários. Lotado na Superintendência Federal de Agricultura em Minas Gerais, Gilvio destaca que “as unidades de sanidade vegetal agora têm acesso a um instrumento orientador e facilitador das tomadas de decisão”.

De acordo com o egresso do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV, “os auditores fiscais federais agropecuários que atuam na área de sanidade vegetal enfrentavam grandes dificuldades na aplicação dos dispositivos contidos nas normas, devido à falta de padronização, tanto dos formulários utilizados, quanto dos procedimentos propriamente ditos. Enxerguei no Mestrado Profissional uma oportunidade para suprir essa lacuna”.

A primeira edição do Manual de Sanidade Vegetal foi publicada em agosto de 2015, a partir da dissertação intitulada Desenvolvimento Manual de Procedimentos para o Macroprocesso Sanidade Vegetal das Superintendências Federais de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, defendida por Gilvio em setembro de 2013, sob a orientação do professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFESMarcelo Barreto da Silva, então orientador do Mestrado Profissional. O auditor fiscal afirma: “O que me motivou (e acredito que a todos os colegas que concluíram o curso) foi o sentimento de que a capacitação técnica resultante do Mestrado Profissional nos deixaria em melhor condição para aprimorar os serviços prestados ao cidadão”.

Assim, para desenvolver a sua dissertação, Gilvio realizou um diagnóstico em quatro superintendências do MAPA e um mapeamento dos processos de serviço executados por cada unidade, utilizando metodologia própria da Coordenação de Planejamento do MAPA. A partir das descrições obtidas, elaborou o Manual de Procedimentos. Contudo, Gilvio afirma que o produto resultante da sua pesquisa de Mestrado ainda carecia de revisões, para tornar o manual mais aplicável ao dia-a-dia dos auditores fiscais. Diante disso, foi criado um grupo de trabalho (GT), constituído por auditores fiscais de diversas regiões do Brasil, juntamente com representantes da coordenação de planejamento do MAPA. “Eles nos acompanharam em todas as reuniões do GT e proveram todo o suporte técnico em termos de mapeamento e melhoria de processos. Após várias reuniões, em agosto de 2015, o Manual de Sanidade Vegetal foi finalmente publicado, contendo 17 processos de serviço mapeados e nove em desenvolvimento. Atualmente, está para ser publicada a segunda versão do Manual, ampliada e melhorada” – comemora, sinalizando para os bons frutos que o Mestrado Profissional continua gerando na sua área de atuação.

Mestrado Profissional disponibiliza anais do I Workshop de Defesa Sanitária Vegetal

Todos os trabalhos apresentados durante o I Workshop de Defesa Sanitária Vegetal estão disponíveis para consulta no Livro de Resumos produzido pela comissão coordenadora do evento. O Workshop reuniu nos dias 22 e 23 de setembro, 120 participantes, com o objetivo de promover a interação entre profissionais da área de defesa sanitária vegetal, graduandos e estudantes de pós-graduação.

Foram apresentados 70 trabalhos, sendo que 10 deles foram premiados.

Premiados na categoria Trabalho de Revisão:

1) A Barreira de Vigilância Agropecuária de Jundiá como obstáculo à dispersão de pragas quarentenárias no Norte do Brasil, autora Ana Cantanhede.

2) Controle da ferrugem asiática da soja com fungicidas protetores em mistura com protioconazol + trifloxistrobina, autora Alana Tomen.

3) Estações Quarentenárias: uma inovação em serviço voltado à agricultura, à silvicultura e ao meio ambiente, autor Tallyrand Jorcelino.

4) Manejo integrado da cigarrinha-das-raizes em cultivos de cana-de-açúcar, autor Gilson Xavier.

5) Semente pirata: um desafio para o agronegócio brasileiro, autor Rodrigo Vicenzi.

Premiados na categoria Trabalho Inédito:

1) Estágios de suscetibilidade de plantas de milho a Dalbulus maidis (Hemiptera: Cicadellidae), autor Clébson Tavares.

2) Influência de herbicidas dessecantes na qualidade fisiológica de sementes de feijoeiro, autor Matheus Ribas.

3) Interações entre genes diferencialmente expressos em Coffea canephora e proteínas secretadas por Hemileia vastatrix, autor Pedro Barreiros.

4) Liriomyza huidobrensis (Diptera: Agromyzidae) disseminando Alternaria solani na cultura da batata , autora Brenda Silva.

5) Ocorrência da mosca negra do citros (Aleurocanthus woglumi Ashby) nos estados de MG, RJ e ES, autor Ludimila Peçanha.

Além da apresentação dos trabalhos, o evento teve nove palestras sobre temas relacionados à defesa sanitária vegetal com foco em pragas, doenças e plantas daninhas, mais a palestra de abertura, proferida pelo coordenador do Mestrado Profissional Angelo Pallini.

O I Workshop de Defesa Sanitária Vegetal foi promovido pelo Mestrado Profissional, contando com a organização dos integrantes do Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da UFV, tendo como presidente da comissão organizadora o professor Marcelo Coutinho Picanço. O evento contou ainda com o patrocínio das empresas Ento+Tecnológica e AgroPós.